A MELHOR COMPANHIA - CAPÍTULO 04 - Happy Hour

Os dias, quarta, quinta e sexta, iniciam cedo com a energia saltando aos olhos... Pensamentos automáticos levam a atitudes automáticas então preferi ao longo da semana pensar somente naquilo que só depende de mim, o trabalho, seja em casa ou fora de casa, uma válvula de escape onde posso esconder minhas frustrações e ainda ser admirado por isso. Gerenciando as atividades de pesquisa e extensão de manhã auxiliado pela estagiária Fabiana que aprendia rápido e com gosto e a tarde o ensino. Dessas formas mergulhava em mundos que me dispersava do meu próprio mundo. Mas afinal do que eu estava fugindo?

O fim da tarde chegava e pensava no happy hour, a abertura do meu prêmio de fim de semana, finalmente estaria livre para descansar a mente e viver bons momentos ao lado da melhor companhia. Buscar a esposa no trabalho e de lá apreciar o pôr do sol à beira do rio.

- Tive uma ideia, vamos ver o pôr do sol, ainda dá tempo.

- Estou cansada, quero ir para casa.

- Podemos passar rápido, dizer olá aos amigos e quando o sol se pôr voltamos...

- Mas você nem me avisa.

- Pensei de última hora e nem é um desvio de tempo tão grande assim, podemos chegar em casa em tempo do jantar.

- Mas preciso deste tempo para trabalhar na minha peça de teatro.

- Tudo bem, vamos para casa.

A caminho de casa ainda era possível ver o sol, o céu esmaecendo lentamente e com ele meu dia feliz, dando lugar a uma noite feliz.

Chego na garagem do prédio, desço do carro e vejo uma roseira debaixo da penumbra, desabrochando e antes que possa admirar mais entramos no elevador. Ali um silêncio vertical quebrado quando chegamos ao nosso andar, no corredor a luz se espalha semelhante a um hospital, ambiente claro e estéril.

Abrimos a porta e Ella já entra ligando o computador dizendo que precisava fazer suas coisas do teatro, me animo porque sei que desta situação vem um sorriso. Seu lado criativo explode e pede minha opinião. Se demorasse um pouco mais nem precisaria pedir, eu mesmo daria sem ser chamado. Me inclino, observo, e por ter observado seu degradê de sorriso enfatizo mais as partes em que percebi uma euforia. Rimos juntos, talvez por ela imaginar que eu tenha adivinhado as coisas, quando na verdade ao se amar alguém buscamos ter empatia pelo que a outra pessoa nos traz.

E assim se foi mais um dia.

Shahriyar Tahan
Enviado por Shahriyar Tahan em 06/02/2024
Reeditado em 27/02/2024
Código do texto: T7993186
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