O som da metrópole. Primeiro Capítulo.

Primeiro Capítulo. Primeira parte.

São Paulo, Agosto de 2023.

O dia amanhece em São Paulo, e tudo é um vai e vem de carros e pessoas. As rodovias estão cheias de carros e o trânsito se faz o senhor da “Selva de Pedra”, onde todo o tempo é dinheiro. Vários sons cortam a cidade, desde sirenes, passando por buzinas e até o motor dos caminhões.

As pessoas sobrevivem, num lugar onde o emprego é escasso e os valores das coisas só tendem a aumentar. A vida é caótica! Os metrôs nas manhãs Paulistanas mais se parecem um formigueiro humano, e os trens uma lata de sardinha.

Santiago salta do trem em meio a estação Pinheiros do metrô e se debate com as pessoas que tentam um lugar ao sol. As escadas rolantes se entrelaçam na funda estação de metrô, e o rapaz sobe as escadas já atrasado para chegar ao seu emprego no ateliê de modas da poderosa estilista Vivi Medeiros, na Praça Pan-americana. As pessoas se debatem, um querendo subir mais rápido que o outro, nesse tremendo labirinto e uma mulher esbarra em Santiago e o rapaz vai ao chão.

Meio sem reação, tudo em sua cabeça gira, num tremendo balaio de gatos. Eis que uma mão aparece em sua frente, Santiago olha para cima e é capaz de avistar um rosto negro e um sorriso largo.

Esse sorriso lhe pergunta se está tudo bem e se ele havia machucado os joelhos. Mesmo escutando a voz, Santiago só era capaz de observar o sorriso encantador e transparente.

Depois de prestar atenção no sorriso do moço, Santiago focou nos olhos do anjo que lhe esticou a mão e viu uma honestidade no seu olhar, uma vida que há muito tempo não avistava.

A mão o puxa e o levanta do chão. O vai e vem de pessoas continua, e então o rapaz com uma velocidade de segundos, leva Santiago até um canto próximo a uma cantina que cheira o aroma de pães de queijo.

Então o moço aperta a mão de Santiago e pergunta novamente se está tudo bem. Então Santiago fica em tom de vermelho, por ser muito branco, mas confirma com a cabeça um sinal de positivo.

Logo Santiago fala.

Santiago: - Eu queria agradecer toda a delicadeza comigo.

Rapaz: - Hahaha! (Risada)

Imagina, eu não iria passar e te deixar ali largado aos leões né!

Santiago agora admira a boca do rapaz que ainda exibe aquele sorriso que o hipnotiza e faz o seu coração disparar forte.

Santiago: - Moço muito obrigado. Aqui em São Paulo é muito difícil ver esse tipo de atitude. A cidade só falta te engolir. (Voz ofegante).

Rapaz: - Fique tranquilo, a queda já passou. Você precisa se acalmar para seguir o seu caminho.

Santiago: - Mas eu não consigo ficar tranquilo, estou atrasado para chegar ao meu serviço e a minha chefe é terrível!

Rapaz: - Se ela é terrível, o problema está nela e não em você. Eu tenho a certeza que você executa um grande trabalho na empresa. Se está preocupado, é um sinal que é um ótimo funcionário.

Santiago: - Estamos conversando e você segurando a minha mão ainda. E não sei o seu nome.

Rapaz: - É verdade! Eu não me apresentei, me chamo Carlos Eduardo. Mas pode me chamar de Cadu. E o seu nome?

Santiago: Me chamo Santiago.

Cadu: - Hahahaha! (Risos)

Santiago: - Meu nome é engraçado?!

Cadu: - Sim! Você tem o nome de uma cidade do Chile. E eu já morei no Chile.

Santiago: - Que coincidência! Eu recebi esse nome porque a minha Mãe amava essa cidade. Ela e meu Pai passaram a viagem da lua de mel lá.

Cadu: - Sim, é uma cidade muito bonita, mas deixa qualquer um sem fôlego. É igual você.

Santiago: - Hahahaha! (Risos)

Também não é para tanto.

Cadu: - Está vendo só, eu te fiz sorrir. E em plena segunda feira de manhã. No meio do metrô de São Paulo.

Santiago: - Estou me sentindo até mais leve.

Cadu: - Eu tenho que te confessar que eu também estou mais leve. Parece que te conheço de algum lugar.

Santiago: - Pare de besteira, eu nunca te vi em lugar algum. Ainda mais em uma cidade tão grande.

Cadu: - Mas posso apostar que nos vimos sim! Se não foi nessa época, foi em alguma outra.

Santiago então suspira fundo após o comentário de Cadu, e não consegue disfarçar o quanto ficou ligado aos olhos jabuticabas do rapaz.

Cadu: - Bom eu não quero te atrasar para o serviço.

Santiago: - Isso não vai acontecer Cadu, porque eu já estou atrasado. Hahahaha! (Risos)

Mas podemos trocar telefone?!

Cadu: - Claro que sim! Eu quero saber mais de você. Podemos tomar um café um dia desses, quem sabe.

Santiago: - Quem sabe não, eu faço questão de te levar num café que inaugurou esses dias na Avenida Paulista.

Cadu: - Perfeito. O meu número é…

Santiago feliz da vida pega o celular do bolso e anota o número de Cadu. E Cadu continuava a sorrir e a sua gentileza encantava cada vez mais Santiago. Os dois se despediram e os caminhos dos dois no metrô se separam.

Aquele sorriso encantador fica na cabeça de Santiago o dia inteiro. O rapaz tem algumas planilhas de fornecedores para entregar até o final do dia e a correria no ateliê é frenética. Lara a sua amiga do escritório percebe algo diferente no olhar de Santiago e comenta o ar animado do amigo.

Lara: - Eu acho que alguém viu um passarinho verde hoje. Santiago você não para de cantar o álbum inteiro da Mariah Carrey!

Santiago: Ué mulhé, e eu não posso cantar não. A senhora sempre gostou da minha voz.

Lara: - Não sei não, algo de muito diferente aconteceu para deixar você assim, todo aceso! Hahaha (Risos)

Santiago: - A senhora é um sapatão cheia de imaginação. O que teria feito para eu ficar tão animado? Essas planilhas todas da nova coleção de inverno?! Se toca.

Lara: - Santiago eu te conheço a milhares de séculos, sei bem quando está me escondendo um baphão! Vai me conta logo e não me esconda nada! Você conheceu um boy?!

Santiago: - Eu não consigo esconder nada de você né! Está bem, vou contar.

Lara: Ahh eu sabia! Pode abrir todo o jogo agora.

“ Essa obra foi criada para enaltecer toda a cultura e a luta dos LGBTQIA +”.

Vinicios Gonsalo
Enviado por Vinicios Gonsalo em 03/04/2024
Reeditado em 03/04/2024
Código do texto: T8033555
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