ÍNDIA, JAPÃO E CHINA
Entre as décadas de 1950 e 1990, a Índia passou por um processo de industrialização baseada no modelo de substituição de importações, ou seja, de substitui-
ção do consumo de produtos importados por mercadorias produzidas dentro do
próprio território. Esse processo contou com a participação incisiva do Estado, que
controlava diversos setores da economia.
Nesse contexto, qualquer tipo de mercadoria e a quantidade a ser produzida
pelas indústrias privadas necessitavam da licença do governo. Isso demonstrava
que, mesmo indiretamente, o controle estatal estava presente em todos os aspectos
econômicos da Índia.
Após 1991, no entanto, o país passou por reformas econômicas implantadas
gradativamente pelo governo, que proporcionaram uma redução de tarifas de importação e mais autonomia para a atuação das atividades industriais privadas. Destaca-se, nesse sentido, a formação de Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs),
destinadas a atrair investimentos estrangeiros no país e estimular as exportações
de bens industrializados. Investimentos expressivos também foram realizados em
infraestrutura, transportes, pesquisa e educação, o que elevou consideravelmente
a qualificação profissional dos jovens indianos.
Essas transformações resultaram no desenvolvimento da
economia indiana. No gráfico da
evolução do PIB do país, verificamos um crescimento significativo
nas décadas finais do século XX.
Atualmente, a presença de polos
industriais de alta tecnologia, como o de Bangalore, passou a ser
uma característica no país, com
destaque para o desenvolvimento
de softwares. Atualmente, a Índia
exporta para cerca de 90 países esse tipo de tecnologia.
O setor audiovisual indiano também cresceu de forma significativa:
Bollywood, a indústria cinematográfica do país, é atualmente a
segunda maior do mundo em seu
ramo, sendo superada apenas pela
indústria cinematográfica estadunidense.
Pobreza e desigualdade na Índia
Mesmo diante da política instituída em favor da ampliação de parques industriais
de alta tecnologia, o governo indiano não foi capaz de reverter a situação de pobreza
e desigualdade social do país. De acordo com dados de 2018, o sul da Ásia, onde está
localizada a Índia, concentra cerca de 29% das pessoas do mundo que vivem com
menos de 1,90 dólar por dia, ou seja, que vivem em situação de extrema pobreza.
Além disso, em 2018, aproximadamente 29% da população indiana era analfabeta
e a expectativa de vida não ultrapassava 68 anos.
Atualmente, a maior parte da população do país ainda vive no campo e trabalha em atividades ligadas ao setor primário. O processo de urbanização, contudo,
vêm ocorrendo de maneira acelerada, resultando na formação de grandes áreas
metropolitanas, como Nova Délhi e Mumbai, onde a segregação socioespacial e os
problemas sociais e ambientais são aspectos marcantes.
Em virtude de sua grande população, a Índia não possui recursos financeiros suficientes para investir e assegurar a toda a população uma infraestrutura adequada,
com programas de saúde e educação eficientes, que possam garantir ao cidadão
melhor qualidade de vida.
Uma contradição desse cenário é que, atualmente, a Índia forma mais engenheiros,
médicos e outros profissionais qualificados do que os Estados Unidos e os países da
Europa. Contudo, a remuneração desses profissionais em solo indiano é consideravelmente menor do que nos países desenvolvidos, resultando na emigração de profissionais qualificados, caracterizando o fenômeno denominado fuga de cérebros.
O Japão
Devido ao relevo predominantemente montanhoso, as poucas planícies (quase todas litorâneas) do Japão são intensamente ocupadas pela população, que se
concentra principalmente nos grandes centros urbanos do país. Destaca-se nesse
contexto a grande megalópole que vai de Tóquio a Kobe, formada pelo fenômeno
da conurbação. Observe a seguir essa grande megalópole no mapa, atentando à
sua localização.
O desenvolvimento econômico do Japão se consolidou após a Segunda Guerra
Mundial, impulsionado por investimentos da superpotência estadunidense, que se
preocupava com a ascensão do socialismo na Ásia durante os anos de Guerra Fria.
Os incentivos estadunidenses auxiliaram a recuperar o país, que surpreendeu as
economias mundiais por seu dinamismo industrial. Nesse contexto, empresas japonesas passaram a se destacar pelo desenvolvimento
de novas tecnologias e sistemas de produção industrial,
o que possibilitou a expansão econômica do país.
Ao longo das décadas finais do
século XX, produtos industriais
japoneses, tecnologicamente
avançados, espalharam-se pelo
mundo e proporcionaram um expressivo crescimento do PIB, que
não continuou a partir da década
de 2010, como é possível verificar
no gráfico.
No entanto, a qualidade de vida da população japonesa se elevou e a mão de obra
se tornou cada vez mais qualificada e valiosa. À medida que os custos da produção
se tornaram mais altos, muitas empresas japonesas passaram a investir em países
em desenvolvimento, onde instalaram suas unidades produtivas para explorar vantagens como mão de obra barata.
No século XXI, a economia japonesa interrompeu seu longo período de crescimento acelerado. Nesse contexto, o país perdeu sua posição de liderança regional
e o posto de segunda maior economia do mundo para a China.
Uma das razões para a diminuição do ritmo do crescimento econômico japonês
são os elevados gastos orçamentários do governo com a população idosa, como os
investimentos em aposentadorias. A desaceleração da economia também provocou
o fechamento de muitas fábricas e, a partir de então, certos problemas sociais, antes
quase inexistentes, como o desemprego, têm se intensificado.
A tecnologia japonesa
Embora a economia japonesa venha registrando baixo crescimento a partir do século XXI,
seu parque industrial está entre os mais modernos e diversificados do planeta. A robotização
constitui uma característica marcante nesse
país. Praticamente todas as multinacionais
japonesas empregam robôs de alta
tecnologia em suas linhas de produção,
otimizando a produção a custos reduzidos.
Portanto, a atividade industrial japonesa é
uma das mais informatizadas do mundo.
A China
A China é um dos países que, nos
últimos anos, tem atraído atenção no
cenário econômico e geopolítico internacional. Atualmente, o PIB chinês é
o segundo maior do mundo, ficando
atrás apenas dos Estados Unidos. Seu
intenso crescimento econômico está
entre os mais dinâmicos do mundo, levando a economia chinesa a se tornar
a maior exportadora do planeta.
Com base em um ideal de “socialismo com características chinesas”, o país desenvolve um sofisticado, e muito eficiente, “socialismo de mercado”. Essa fórmula
mista, na qual se mescla a estrutura política socialista com a economia de mercado
capitalista, tem lançado o país como uma das maiores potências econômicas e
geopolíticas do século XXI.
A atual fase de crescimento econômico e industrial chinês teve início com as reformas
econômicas efetuadas no país a partir de 1978, sob o comando do líder popular Deng
Xiaoping, e impulsionadas pela cultura empreendedora do povo chinês.
Afastada da influência soviética desde meados da década de 1960, a China não
tardou em iniciar uma abertura econômica baseada no livre mercado. O resultado
pode ser visto no avanço alcançado pelas indústrias chinesas, cujos produtos estão
espalhados pelo mundo. Atualmente, o país tem aproveitado o crescimento econô-
mico para agregar maior nível tecnológico aos produtos exportados.
Ainda que o crescimento econômico da China tenha diminuído nos últimos anos,
ele se conserva maior que o de outras importantes economias do mundo, como
Estados Unidos e Alemanha, conforme o gráfico da página anterior. Além disso, apesar de problemas como falta de abertura democrática, superexploração do trabalho
e degradação ambiental do país, o governo chinês tem aproveitado o crescimento
econômico para gerar melhorias nas condições de vida da população.
Confira no mapa a seguir a configuração territorial moderna do espaço geográfico
chinês, ou seja, como estão organizadas as diferentes atividades econômicas no país.
A questão energética na China
A expansão da economia chinesa vem aumentando os problemas ambientais
do país. Podemos citar como exemplo a poluição dos rios Hoang-Ho e Yang-
-Tsé, cujas águas abastecem a produção nos campos dessa milenar civilização.
No tocante ao setor energético, o dilema maior diz respeito à dependência
de combustíveis fósseis. Sua principal fonte energética é o carvão mineral,
recurso mais explorado no país e que se destaca por ser altamente poluente
e não renovável, portanto de exploração limitada. Além disso, para atender às demandas de sua
economia desenvolvida, o país
necessita importar aproximadamente 72% do petróleo consumido internamente.
A China é o maior emissor global de gases do efeito estufa, associados
ao aquecimento global. A poluição atmosférica também é um dos principais
problemas ambientais das grandes cidades chinesas, onde a população vem
protestando por melhoras na qualidade do ar.
Tendo em vista tal situação, os dirigentes chineses vêm sinalizando, nos
últimos anos, preocupações voltadas ao meio ambiente e, principalmente, à
renovação e à diversificação da matriz energética. Nesse sentido, a China busca diversificar sua produção de eletricidade, desestimulando o uso do carvão
pela ampliação das usinas hidrelétricas. A construção de Três Gargantas, uma
das maiores usinas do mundo, insere-se nessa estratégia. No entanto, sua
construção foi social e ambientalmente controversa, tendo sido alvo de numerosas polêmicas, como os impactos sem precedentes causados a milhares de
quilômetros de ambientes naturais.
Apesar disso, a China vem se
destacando também por ser o país
do mundo que, atualmente, mais
investe em fontes de energias renováveis, como a eólica e a solar.
Investimentos nesse setor fazem
parte de um projeto chinês para,
até 2030, começar a reduzir suas
emissões de gases estufa.