Meditação


Expectativas


Marta e Maria são duas irmãs muito amigas. Apesar de morarem em cidades diferentes, estão sempre se comunicando e as visitas são constantes. Recentemente, Maria viajou ao exterior e ficou fora por 5 meses. Quando voltou, tinha tantas coisas para fazer e resolver, que não teve tempo para visitar a irmã. Marta ficou magoada, afinal de contas Maria poderia ter pelo menos dado um telefonema.


Alberto e César são amigos há anos e estão sempre juntos nas festas, nos fins de semanas e as famílias são inseparáveis. Tempos atrás, Alberto estava passando por um período difícil na vida e resolveu pedir dinheiro emprestado a César. Este foi atencioso e emprestou na hora, pois acreditava no amigo e tinha certeza de que ele pagaria o empréstimo. Com o passar do tempo, Alberto não pagava o empréstimo e nem dava explicações, César ficou decepcionado com o amigo.


Tudo isso, por que? Porque as pessoas interagem sempre focadas na expectativa e não no relacionamento. Criamos expectativas e quando essas são quebradas, nos decepcionamos e nos damos o direito de julgar o outro. Sempre queremos responsabilizar alguém por alguma coisa, é mais confortável para nós.


Marta criou uma expectativa de que Maria assim que chegasse da viagem a primeira coisa que faria seria ir visitá-la ou ao menos lhe dar um telefonema. Em momento algum imaginou que a irmã, fora do país por 5 meses, deveria ter assuntos a tratar e que deveriam ser prioritários. Marta não fundamenta a sua amizade com a irmã no relacionamento e sim nas expectativas.


César, da mesma forma, criou uma expectativa de que Alberto a quem conhecia há muito tempo iria pagar o empréstimo em determinado tempo e como isso não aconteceu, ficou magoado e decepcionado com o amigo. Ele não levou em conta o quê poderia estar acontecendo por trás de tudo isso, não procurou o diálogo. Sua amizade com Alberto é baseada em expectativas e não no relacionamento. Como consequência estragou-se algo que foi cultivado por anos.


As pessoas passaram a dar mais importância as expectativas que elas mesmos criaram em função dos outros do que na importância do relacionamento. Mas o que é relacionamento? É a ligação por amizade e afetividade condicionada a uma série de atitudes recíprocas. O relacionamento é fundamentado no amor. Quando é firmado em interesses, não é relacionamento, é negócio! Relacionar-se é compartilhar.


Criamos expectativas para os nossos filhos e quando eles seguem outros caminhos, ficamos zangados; criamos expectativas nas nossas diversas relações e não entendemos a liberdade de cada um ser o que é, queremos que seja aquilo que idealizamos para ele: provavelmente baseado na nossa imagem e semelhança, pois acreditamos que somos “aquilo que deu certo”.


A expectativa, nesse caso, é egoísta. Olha para dentro de si mesma. Não leva em consideração a importância do outro. A expectativa é uma esperança? Sim, mas fundada em direitos ou promessas. O relacionamento só funciona se for recíproco, isto é, se for uma avenida de mão dupla, sem barreiras e sem mentiras. A expectativa compromete as pessoas enquanto o relacionamento liberta.

Nós fomos criados pelo AMOR para o amor. Não fomos gerados para viver sozinhos, só podemos viver em sociedade, em conjunto. E para isso é necessário o relacionamento. E o relacionamento exige a presença do outro. E se queremos a presença do outro não podemos ser egoísta. Para amar é preciso acolher. Ser amado é muito melhor e muito mais gostoso do que amar. Faz parte da nossa essência. Ser amado supri a nossa carência!


Quando Marta e César mudarem radicalmente de atitude, isto é, interagirem com as demais pessoas levando em consideração a importância do relacionamento e abandonarem totalmente as expectativas, aprenderão a viver de outra forma. Pois estarão privilegiando os seus semelhantes e compreendendo, definitivamente, que o amor é construído no relacionamento recíproco e que este é fruto de muito carinho, atenção, cuidados. É como uma planta, precisa ser regada diariamente, senão morre!


É preciso compreender que nós somos livres pela graça de Deus, mas isto não quer dizer que somos independentes. É preciso aprender a colocar-se na pele do outro, a conhecer, a respeitar e a admirar as coisas através da ótica do outro. Isso é relacionamento.


Leia: Jo 13, 35; 15, 13; Rm 13, 8; Gl 5, 13;


Meditando:


  • Faça um profundo exame de consciência e reconheça as expectativas que você tem com as pessoas que lhe circundam e que prejudicam as suas relações;

  • Qual a diferença entre liberdade e independência?










Leandro Cunha
Enviado por Leandro Cunha em 25/02/2009
Reeditado em 25/02/2009
Código do texto: T1456738
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