O Filho Pródigo
 
Julgando-me completamente nulo e sem forças,
às vezes me suponho efetivamente derrotado.
E ainda assim ouvindo, em meu silêncio,
uma voz que fala
pelos sentimentos de meu coração.
Não tivesse a prova material de minhas lágrimas,
eu mesmo não acreditaria
no estado de profunda emotividade
que acabo por atingir.
Não querendo ser inflexível nem ingrato,
nem parecendo rejeitar
alguma graça divina a mim enviada,
mas alimentando o propósito de não ser subjugado
por alguma ilusão criada a partir das carências
da minha atual personalidade humana.
Entretanto, confesso que creio
que em meio às trilhas do desafeto humano,
alguém contrapõe-se a meu favor
no mundo da alma
para me sustentar nos momentos
onde fico exposto às minhas vulnerabilidades.
E o fazes de forma humilde e fraternal,
como que retribuísses a lealdade
com que Te sustentei.
Maior do que eu, imagino-Te como um rei
que busca o seu fiel soldado,
pois é como miliciano que me vejo,
um guerreiro exaurido das guerras
e querendo doar minha força em prol daquilo
que vale mais a pena do que eu mesmo.
Não desejo, portanto,
grandeza que não seja minha,
aliás, já fala alto o sentido
de que as glórias humanas
são ilusões imobilizantes
que bloqueiam o caminho evolutivo
dos que desejam se libertar da escravidão
dos nascimentos humanos.
Porém, não é suficiente entender,
é necessário também sentir.
Despojar-se do desejo de glória
é decisão ativa,
pois só o que assim fazemos
nos acresce ao saber da consciência. 


Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 17/05/2009
Reeditado em 17/07/2009
Código do texto: T1599835
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