O SACERDÓCIO DE JESUS CRISTO (O BOM PASTOR)

O SACERDÓCIO DE JESUS CRISTO (O BOM PASTOR)

“Sou Bom Pastor, ovelhas guardarei, não tenho outro ofício nem terei...” A canção predileta do saudoso Dom Ávila (falecido Arcebispo Militar do Brasil) nos resume a exclusiva função sacerdotal de Cristo e a exclusiva vocação sacerdotal de seus sucessores apostólicos.

O sacerdócio eterno e prefeito de Jesus Cristo nos é claramente revelado na Carta aos Hebreus (7, 23-28). Prefigurado por Melquisedeque, o rei da justiça e, também, o rei da paz (Salem), sem ascendência ou descendência humana, mais ligado à eternidade que à temporalidade terrena, Jesus Cristo permanece sacerdote para sempre.

Também Jesus Cristo não exerceu seu sacerdócio segundo a lei humana, isto é, aarônica, sequer nasceu na classe sacerdotal dos levitas criada por Aarão, irmão primogênito de Moisés, mas sim, exerceu o sacerdócio segundo a ordem divina e eterna de Melquisedeque.

Este novo sacerdócio é perfeito e único. Não mais uma legião de levitas, mas apenas o Cristo. A Nova Aliança é exclusiva e eterna. Cada vez que um sacerdote ordenado segundo a mesma ordem repete o gesto e as palavras da consagração é o próprio sacrifício de Cristo que se renova. Os levitas ofereciam sacrifícios primeiro em expiação de seus próprios pecados e, depois, pelos pecados do povo. O sacerdócio de Cristo elimina essa necessidade: ele é santo e perfeito. O mistério da transubstanciação é eficaz ex opere operato, isto é, pelo fato mesmo de a ação sacramental se realizar, independentemente da santidade pessoal do ministro. Este apenas empresta seu corpo, voz e gestos ao Cristo e a presença Dele ocorre como no momento da instituição da Eucaristia, na primeira Quinta-Feira Santa.

No tabernáculo, no Santo dos Santos da Nova e Eterna Aliança, Cristo, sumo-sacerdote, não oferece mais o sangue de novilhos e carneiros, renovados a cada cerimônia, mas o seu próprio sangue uma única vez. Ele é o Bom Pastor que dá a própria vida pelas ovelhas. Ele é sacerdote, altar e vítima. O Novo Testamento, em favor de todos os filhos de Deus, tem sua vigência a partir da morte e ressurreição do testador. Não ofereceu sangue alheio num santuário humano e provisório, mas seu próprio sangue, no santuário eterno erigido pelo próprio Criador. Este sacrifício é único, definitivo, permanente. Todo sacrifício humano tornou-se inócuo, desnecessário. O pecado foi vencido pela morte e ressurreição do Cristo. O Bom Pastor imolou-se pelas suas ovelhas. Sua segunda vinda trará a salvação para os que O esperam, já libertos da morte causada pelo pecado.

O sacerdócio de Cristo, seu ministério, sua função resume-se na declaração: “Eu sou o Bom Pastor” (Jo 10, 11). O bom pastor expõe sua própria vida pelas ovelhas, enquanto que os falsos pastores, os mercenários as abandonam à própria sorte face ao perigo iminente. A metáfora pastoril usada por Jesus ao definir sua única profissão permanece válida em nossos dias de vida urbana. Abundam os maus pastores que se preocupam unicamente em explorar economicamente o rebanho sofrido e desesperado. Não existe alternativa: Cristo é o único Bom Pastor, não existem outros. Não existe outro caminho, outra verdade, outra vida, senão em Cristo. Ele conhece e é conhecido pelo Pai. Ele conhece, também, a cada um de nós em particular, chamando-nos pelo nosso nome. Também nós o reconhecemos como único pastor de nossas vidas. A universalidade desta realidade se estende, também, aos outros povos que ainda se converterão um dia e se juntarão ao rebanho de cristãos saídos do judaísmo.

Mesmo fora do aprisco familiar, quando saímos em busca de verdejantes pastagens, não tememos o perigo, pois somos conduzidos pelo Bom Pastor que nos precede e nos a certeza da vida em abundância.