Oração para a Páscoa

Pois é, Nossa Senhora!

Mais um domingo de Páscoa!

E eu ouso imaginar a Senhora, mãe de todas as mães desse planeta, a relembrar o dia, aquele dia mais estranho, mais cruel e estarrecedor da morte do Filho na sexta-feira. Uma sexta-feira escura e de vento cortante capaz de estagnar qualquer possibilidade de abraço.

A morte acompanhada de toda a maldade do mundo, de toda a baixeza do homem, de alma em ferida esbanjando o negativo de qualquer ser.

Dores acompanhadas de sentimento de amarga ousadia e superioridade de uns tantos.

Uns se riam, outros ofendiam, dilaceravam e ofereciam vinagre ao filho flagelado e com sede.

E a Senhora suportou a tudo, com o olhar mais doloroso e amoroso da história.

E a sede de água e de vida se manifestavam no mais profundo da alma do Filho! Quanta sede!

E a vida venceu, não é Nossa Senhora? Venceu sim!

E a ressurreição trouxe a certeza de que a vida venceu e pôde, na sua força e significado, questionar profundamente o mal para sempre.

Essa ressurreição se revela como a mais magnífica experiência da humanidade:

a vitória da coragem sobre a covardia, do sorriso afetuoso sobre o escárnio, a vitória do amor sobre a pequenez.

A vida! Uma proposta de inteireza, da arte do encontro e do perdão. Com cheiro de primavera e esperança.

Que eu tenha a coragem, meu Deus, de não ser tão pequena. Que eu tenha a vontade sincera de estar a serviço, de amar, solidária, e na compreensão do outro e no esquecimento de tantas dores e horrores.