Oração do Trânsito

Nos últimos tempos, quando vou sair de casa dirigindo o meu carro, antes, faço três orações com muita fé e contrição. Afinal de contas, a situação no trânsito é gravíssima e é preciso pedir proteção. Nunca se sabe o que encontraremos por aí. O que mais tem no tráfego das grandes cidades são loucos de todas as espécies.

A primeira oração que faço é pedir a Deus que me proteja de mim mesmo. Ao volante de um carro sou um perigo. Sou um péssimo motorista. Mas não no sentido técnico, neste aspecto posso dizer que dirijo muito bem. Mas sou mal educado no trânsito e extremamente agressivo.

Portanto, todo cuidado é pouco e estou sempre em risco o tempo todo. Pior, a minha agressividade patológica não se contém nem quando estão comigo, no meu carro, pessoas que eu amo muito. Será que as amo mesmo ? Quem ama faz isso ? As vezes fico espantado com as minhas reações. Ao dirigir pratico certas atitudes que, depois, fico com vergonha de mim mesmo, não sei onde enfiar a cara.

Depois, continuo as minhas orações e peço a Deus proteção especial para os demais motoristas e pedestres que, por infelicidade, cruzarão comigo durante o caminho que farei atrás de um volante que seguro como se fosse uma arma de grosso calibre e o restante do mundo fosse o pior dos inimigos. Livrai-os, Senhor, das minhas loucuras, das minhas ameaças, dos meus palavrões, dos gestos obscenos, da minha arrogância e mormente da minha estupidez congênita !

Finalmente, rogo a Deus que me proteja também. Me livre dos outros motoristas : aqueles que se acham os donos da verdade e que possuem enorme dificuldade em respeitar os outros. Aqueles que ultrapassam pelo acostamento, estacionam em vagas de deficientes físicos, dirigem embriagados, assassinam inocentes e tem a cara de pau de dizer que foi uma “fatalidade”.

Eu e eles, nesse tocante, temos incrível dificuldade em por em prática a beleza da ALTERIDADE. Atrás do volante olhamos para o próprio umbigo e criticamos os outros. Engraçado é que quando estamos na eventual condição de “pedestres”, andando pelas ruas, sabemos recriminar os péssimos motoristas, mas logo depois nos juntamos a eles ...

Se o problema fosse só eu, até que seria fácil de resolver : era só caçar a minha carteira de habilitação em prol da PAZ mundial. Mas e os outros ? Essa doença “pega”, é uma praga !

E você ? Será que você tem a coragem de reconhecer as suas mazelas ? Ou você é daqueles que “enrola o rabo” senta em cima e só reconhece os defeitos dos outros ? A falta de educação no trânsito só começará a ser RESOLVIDA em casa. Na minha casa e na sua casa. Quando tivermos CORAGEM de colocar o dedo na ferida e apertar para valer, de forma que a DOR jamais saia da nossa cabeça. Caso contrário, eu ou você poderemos ser a próxima “vitima” ou pior, o próximo “assassino” no trânsito. Qual é a sua escolha ? O que os seus filhos pensarão de você, nesse caso ?

Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero ... (Rm 7,9)

Leandro Cunha