Oração da mãe que sonha

Senta aqui, meu filho.

Naquele banquinho, embaixo do flamboyant do Rio Grande.

Do lugar de tantas pelejas, de tantas saudades, sonhos e amores vãos.

Senta aqui, meu filho, para ver melhor.

Para que você possa perceber Deus nos olhando de óculos, atento às nossas incertezas, ao nosso coração pesado e ao nosso medo.

Senta aqui, meu filho, para aprender com o passado, perdoar as coisas do tempo – ah! Como é difícil o perdão! Como dói deixar prá trás as raízes do choro de lágrimas grossas de tanto sal!

Senta, meu filho, e sinta o cheiro de toda a natureza e a acredite que você também é a luz do mundo, como todos os outros.

E passe a perceber na sutileza da existência, nas palavras do vento, nas coisas e pessoas que vão a difícil arte da vida.

E acredite na inspiração divina que somos capazes de fazer o mundo caminhar melhor, mesmo que pouco. Creia nos teus passos, nos teus sonhos e compreenda todos os pesadelos, rudes e metafóricos. Pesadelos passam em segundos.

Debaixo do frescor do flamboyant aproveite para deixar a luz do céu entrar no coração, que também saiu de dentro de mim.

Vera Moratta
Enviado por Vera Moratta em 16/08/2011
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