Prece

Diante do meu 25 de Dezembro

Caio de joelho sob os vossos olhos.

À frente de tudo que lembro

Toco tua face...

Com as mãos para o alto, já sem armas, já sem nada, com pouca vida e muita história; convido tua força a compadecer de minha fraqueza e erguer-me.

Subindo como desce um salto, feliz por estar sem armas, sem explosivos, recuperando minha vida perdida e ativando a memória; aceito tua energia fulgaz, a qual me faz ser novamente um homem, um ser, um menino, indefeso, porém inofensivo.

Já sem máscaras, sem devaneios, sem disfarces

Somente por crer, já pude tocar tua face.

Pela minha voz já tremula e rouca de medo ao que possa acontecer

Ergo meu olhar ao teu.

Diante do meu dia, já feito noite

Reconheço-me como uma nova vida...

Já não sou mais o mesmo...

O dia do nascimento

Nasceu um menino na manjedoura moderna, na calçada da periferia

E quem era eu mesmo?

Eu nem me conhecia.

Tiago Ortaet

16/06/2004