Elegia

"Eu me abandono diante de Ti

e da Tua abundante graça.

Antes de eu ser,

Foste em mim,

em apreciação

e louvor.

Eu te reconheci

no sopro de vida,

pois já morta,

em orações

de quem nem

me conhecia ainda

e já me amava,

revivi.

Como não Te reconhecer,

se estás e és em mim?

Vejo as criaturas,

as criações,

nas sombras,

por vezes,

angustiadas.

Ainda não sei

o que fazer...

Esforço-me por merecer

o grito de Vida

que em mim se instalou.

"Eu me abandono diante de Ti

e da Tua abundante graça."

Sou como sou:

um rastro imperfeito,

da Tua perfeita

criação.

Busco a humanidade

e a transcendência

dos Teus passos.

E por toda essa caminhada,

infinda, na finitude de

todas as horas,

"Eu me abandono diante de Ti

e da Tua abundante graça."