A ESPERANÇA E SEU CONTEXTO

(Reflexão sobre um texto de César Kuzma)

O que é “esperança” ? “Expectativa otimista da realização daquilo que se almeja”(dicionário Aulete). Essa definição cabe perfeitamente ao objetivo dos cristãos. Afinal de contas, a pedra filosofal do cristianismo é a RESSURREIÇÃO. E o que é ressurreição ? “Retorno à vida após a morte; Ressurgimento de alguém.” (dicionário Aulete).

Portanto, ressurreição é expectativa, é esperança, é crer em algo que ainda irá acontecer. É a fé no “ainda não”, em pleno “aqui e agora”, pois como disse Jesus “o Reino de Deus já está no meio de nós ...”.

Já dissemos em outras oportunidades que a esperança é o combustível da fé. Imaginemos, por uma fração de segundo, se a vida nesse mundo terminasse quando da nossa morte, que soubéssemos que não existe “porvir”, nem ressurreição e nem reencarnação, como seria o mundo ?

Qual seria o sentido da VIDA ? Por que e para que a ordem social ? Trabalhar para quê ? Qual a razão de ser honesto ? Qual o sentido do amor, da esperança e da caridade ? Fazer o bem para quê ? Promover a justiça, com qual sentido ? Falar a verdade, por quê ? Ser solidário ? bobagem ! Estudar, com qual objetivo ?

Com qual propósito você plantará qualquer coisa na sua “lavoura” se você tem certeza de que não haverá “colheita” ? Assim, até o mais forte dos ateus nutre, no fundo do seu coração, uma chama de esperança de que a sua convicção na morte definitiva esteja errada.

Se não há vida além da morte, por que somos diferentes dos demais animais ? Por que somos o único animal racional da face da terra ? Se não há Deus, por que somos seres intelectivos, de que adianta isso, se ao final tudo simplesmente desaparece ? Há milênios o leão – rei dos animais – age da mesma forma. O mesmo acontece com o jacaré e toda a fauna e flora. Diferente dos humanos, que agem e interagem promovendo evolução, progresso, crescimento social, cultural, intelectual, guerras, invasões, etc. A história do “leão” baseia-se na mesmice, enquanto a do homem baseia-se no desenvolvimento.

Dessa forma, impossível não acreditar em Deus, impossível não acreditar no “porvir”, impossível não crer na vida eterna ! Jesus nos deixa isso bem claro ao afirmar, no Evangelho de João, capítulo 14, 2 que “na casa de meu Pai há muitas moradas...”. E sua “promessa” é vigorosa em Jo 14, 3 “...virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.” Não crer nisso, é sentir-se como um saco vazio. Nós cristãos participamos da única religião onde o seu Deus encarnou e se fez homem igual as suas criaturas para Revelar-se e dar sentido à nossa vida. Para nos mostrar o Caminho, a Verdade e a Vida.

Qual o sentido da vida ? Olhe para um rio. Ao nascer ele sabe que seu objetivo é dirigir-se ao oceano. Nasce pequeno, frágil, mas firme no seu propósito. Na sua caminhada ele encontra e esbarra em vários obstáculos, mas não “enfrenta” esses obstáculos, ele os “contorna”, pois o mais importante de tudo, para ele, está em atingir o seu objetivo. E ao chegar a “foz” ele se encontra, finalmente, com o oceano.

Assim somos, a única e importantíssima diferença entre a nossa caminhada para Deus e a caminhada do rio para o oceano é que o rio se dissolve no mar, e nós abraçamos Deus sem perder a nossa identidade, a nossa consciência, a nossa alma, a nossa história.

Mas quem são os personagens dessa metáfora ? O oceano é Deus; você é o rio; Jesus é o leito do rio sem o qual não conseguimos caminhar. E o Espírito Santo é o vento que “assopra” sobre o rio e o inspira na observação constante de seu objetivo maior.

O autor (C. Kuzma) diz, em seu texto : “Falar de esperança é falar da força positiva que nos faz caminhar rumo a um horizonte, onde apenas a alegria de estar caminhando já é, de certa forma, uma experiência transformadora”.

Deus é mistério, mas um mistério “saboroso”. Imagine se ao nascermos soubéssemos quando e como iriamos morrer. Teríamos uma vida melancólica e totalmente desprovida de ESPERANÇA. Mesmo assim, você ainda não acredita em Deus ?

Leandro Cunha

maio 2.103