Pai nosso confessado
                                        
                                   
Pai nosso, que estás nos céus...

             
Como é bom saber que tenho um Pai maravilhoso que está nos céus e que ao mesmo tempo em que clamo por Tua presença Tu Te fazes presente. Atende as minhas necessidades mesmo eu não agindo como um filho legítimo e sim como uma Criatura que não se esforça para recomeçar e sair renovado.

                                  
Santificado seja Teu nome...

             
Senhor, nosso Deus, quantas vezes me perco e santifico pessoas que não tem nada a ver com minha situação e que também não podem fazer nada por mim nem para os meus. Santifico artistas, atletas e tantos outros e eles nem sabem que eu existo e me esqueço de santificá-lo como merece, pois só o Senhor é Santo e pode receber essa idolatria.

                                 
Venha Teu reino...

             
Senhor, como caio em contradição ao pedir que venha, pois é difícil aceitar Teu reinado em minha vida. Não aceito pelo meu egoísmo e quero viver da minha maneira e nunca da Tua. Não entendo! Mesmo eu fazendo tudo errado Tu és rico em misericórdia para com a minha vida.

              
Seja feita a Tua vontade assim na terra como no céu...

             
Como sou falho meu Pai! Ao invés de ficar tranqüilo depois de ter dito que seja feita a Tua vontade, fico agitado, impaciente pelo pedido que fiz, quero pra ontem e entro em desespero, caindo em contradição. Eu preciso entender que a Tua vontade é muito melhor do que a minha e que Teu desejo é grandioso e prazeroso pra minha vida.

                                 
Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia:

             
Pai celestial, quando Te peço isso, me dá uma tristeza tão grande, pois percebo minha individualidade e o tamanho do meu egoísmo. Não tenho coragem de pedir o pão para meu próximo, nem para aqueles que estão mais necessitados do que eu. E, muitas vezes, não quero nem pão e sim pizzas, churrascada e até mesmo um banquete especial...

                  
Perdoai as nossas dividas, assim como perdoamos aos nossos devedores...

             
Querido Deus, como sou cara de pau...! Ainda não consigo perdoar nada, quanto mais uma dívida! E, muitas vezes, chego até a brigar com a pessoa que me deve. Eu tenho tantas dívidas contigo; fiz votos e não cumpri, apostei nas loterias, gastei com meus prazeres e não te ofertei, nem dei dízimos...

                  
E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal...

             
Dizendo essas palavras até parece que é o Senhor que é o culpado da minha queda em tentação, quando na realidade sou eu que tenho que controlar os meus desejos. Peço-te para que me livres do mal, mas o que me atrai está na tentação e nos caminhos maus, pois o pecado é prazeroso. Disfarço-me e, se pudesse, todas as vezes que eu fosse orar eu pularia esta parte.

                                                
Amém!

             
Quando termino e digo Amém...! Quem me ouve pensa que concordei com toda a oração, mas a realidade é que sou fraco, frágil e com toda minha cara de pau, eu confesso que sou carente do Teu amor. Suplico que tenhas paciência comigo e no dia da tua ira não te lembres de mim, pois quero ser teu filho e servo, para seguir rumo ao caminho da santificação.

                                      
Perdão meu Deus!

 
Texto extraído do livro Delicatta IV da Antologia