Oração para o menino sírio que descansa na praia.

Que Nossa Senhora te proteja, menino sírio.

Garoto pequeno, calças curtas.

Possivelmente ainda falava errado, trocando sílabas, mas certamente falava “papai” e “mamãe” com sorriso e segurança.

A única segurança naquela Síria que você não conheceu bela e risonha.

Você, menino da Síria, nasceu com o país em frangalhos.

Imagino você ouvindo falar de coisas nefastas e abraçado ao seu ursinho de pelúcia.

O seu ursinho também era uma certeza. Para o seu irmãozinho também.

Que a espiritualidade do bem te afague, menino sírio – faça cafuné em você e em outras crianças que se perderam na aspereza de corações insanos.

Que a luz mais divina e radiante dos céus mostre a você e aos outros que ficaram pelo caminho o que significa a palavra PAZ.

E aprenda – com os que também caíram – que é possível sorrir com vontade e sem medo.

Que os seus anjos de guarda possam realmente guardar vocês de todas as atrocidades, rancores e imperfeições das almas doentias. Possam brincar com vocês no meio de toda inocência necessária na idade da pureza, da doçura, do encanto. Quiseram roubar o encantamento de vocês, mas os anjos de guarda resolveram pegar você e outros no colo, na praia, onde é bom brincar de fazer castelinho de areia, tomar sorvete e correr atrás da bola e mostrar um outro mundo, com ternura sem fim.

Menino sírio da praia, abrace a sua mãe e irmão que se foram juntos. Abrace forte a mamãe, pelo pescoço, agarra-lhe as pernas e cantem lindas canções que você deve ter ouvido no berço. Mande beijos para o papai e alguns recados carregados de esperança.

Faça com que o papai enxugue as lágrimas. Porque tudo é passageiro. Toda dor tem que acabar.

Chorei ao te ver caído no meio daquela solidão. Mas hoje sei que você está amparado e assistido pelos espíritos de luz.

Que Deus te abençoe, menino sírio. Que você tenha prazer em conhecer a grandeza da paz. Viva alegre, viva sim. A barbárie que fizeram do seu país que passe longe da sua sensibilidade.

Muito me envergonho, lastimo e me faz carregar um enorme fardo de indignação pelas atitudes daqueles que fazem o mal para a sua gente.

Mas tudo terá um fim.

Fique com Deus e aceite o carinho dos que estão ao seu redor. E seja muito, muito feliz onde estiver.

Vera Moratta
Enviado por Vera Moratta em 03/09/2015
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