Encanto!

Estávamos, meu cunhado e eu, com redes, pescando enguias na maré baixa. O local se assemelhava com um mangue ou alagadiço. Saíamos carregados com cestos repletos de enguias. Tentamos alcançar a estrada rapidamente, um vulto gigantesco nos assustou.

Ao chegar na estrada avistei uma mulher negra, vestida elegantemente, com um vestido vermelho de poás pretos, babados na barra, cabelo curto feito ondas, maquiagem leve. Segurava uma cigarrilha fazendo fumaça que lhe encobria os olhos.

___Tia Jussara? Pergunto porque ela estava ali, o que fazia longe da Casa Branca?

___Essa é a minha casa, venha aqui! Ela responde com tranquilidade enquanto desce uma escadaria.

Fui me aproximando da casa e percebi que o lugar estava aberto, como se tivesse sido invadido. Ninguém ali usava o branco, não se ouvia som de cânticos ou tambores.

Eram fanáticos pregadores, dentro da Casa Branca. Eles proferiam palavras que a deixava triste. Vi tia Jussara baixar a cabeça triste e me dizer.

___Filha preciso que você me ajude e me faça um encanto!

___Eu não posso fazer isso!

___Filha, essas pessoas têm que sair de minha casa, me ajude!

Cantando um ponto de Oya ("Relampejou lá no céu deixa clarear, vento soprou na palmeira, salve a DEUSA do fogo Oya. . ." Eloir Nogueira), comecei a traçar um círculo com giz branco (que nem sei como saiu do bolso de minha roupa), dentro do círculo desenhei mais outro círculo. Dentro do segundo círculo desenhei, com carvão, raios, pedras, flechas e um arpão.

Os círculos giravam em sentidos opostos. Dentro deles foram criadas algumas imagens animadas.

No desenho dos raios a imagem se transformava em pedras sendo rachadas por eles.

Na flecha um servo é abatido e posto nas costas de um homem que estava acompanhado de uma criança (uma menina).

Em seguida entoo um cântico da bruxaria. ("Somos um circulo dentro de um circulo sem um começo e sem um fim. Ar move, Fogo transforma, Água forma a Terra cura. . . Somos um povo antigo novo de novo. . ." Claudiney Prieto).

Vi o arpão fincado no fundo do oceano, e em meio a uma tempestade ele começou a brilhar iluminando as profundezas do mar. Ouvi o urro de alguma criatura, fantástica.

Tia Jussara sorriu e as pessoas que invadiram a Casa Branca começam a ser sugadas por um ciclone, e serem jogadas para fora da casa.

Fui desperta como se alguém me chamasse: Acorda!

19/04/2021*

Tisífone Alecto
Enviado por Tisífone Alecto em 23/04/2021
Reeditado em 23/04/2021
Código do texto: T7239455
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