Rangem os Dentes
Pai Eterno! Tem piedade dos aflitos!
O monturo é grande e a sujeira impera,
Em meio à dor, o joio fere o trigo,
Mesmo com o Amor, o justo se desespera!
Rangem os dentes, irmãos matam irmãos,
É de fumaça e fogo a penumbra do nevoeiro!
Com tantos dementes, os sãos negam-se sãos,
E buscam socorro na ilusão do dinheiro...
Meu Deus! Volto meus olhos à Sua Glória!
Livra-nos, Pai, da sanha da escória,
Da malta insana que se compraz ao monturo,
Que teme a Luz e se embrenha no escuro...
Suplico, Deus meu, pelo Amor que liberta,
Pelo Verso Perfeito em linhas incertas,
Pela Poesia que alivia e só traz alegria:
Meu Senhor, meu Jesus, que à Luz me conduz!