Sentidos

🦋Que nunca me falte a vontade de ver com meus próprios olhos o que a vida me oferece. E que minhas ações sejam sempre regidas por esse olhar, mesmo diante das brumas que, por vezes, estes se cercam. São elas, aquilo que me falta ver e eu mesma, dissipar.

🦋Que jamais eu deixe de ouvir pelos meus próprios ouvidos as canções e os ruídos. E nisso eu tenha a liberdade da plenitude que me rege, de fazer minhas escolhas de acordo com o ritmo que em mim, sinto tocar.

🦋Que minhas mãos sejam guiadas pela inteireza que presencio, mesmo ciente de que sobre a mesma, não há controle e sequer tenho pleno acesso, mas que o "não-saber", é parte inerente desse todo. E nisto, sejam todas as minhas ações genuínas e decididas por mim e então, somente eu responsável por minhas decisões. Para que em outros tempos, jamais eu lamente a crueza da vida a me dizer que me guiei por opiniões alheias e nisto, responsabilize outros daquilo que só a mim, cabia fazer.

🦋Que meus pés caminhem firmes no momento do agora, saboreando a real destreza da vida de se mostrar somente na eternidade desse instante. E que ali onde o espaço e o tempo se integram desenhando o seu desaparecimento, eu tome ciência do além de mim, transcendente e por isso, sem limites. E sendo assim, também é em mim, aquilo que mais abomino e menos quero saber.

🦋E diante dos aromas das flores que eu recolha das raízes a segurança de que nada foi decidido, feito, visto, saboreado ou sentido a partir apenas da superfície ou do que me contaram. Mas, acima de tudo foi considerando as profundezas das águas e da terra que me movem e me sustenta; foi assim que tracei meu percurso, vivendo-o, então. E mesmo que ansiando por um fim, presenciei o infinito, me debati com o "não-linear" e nisto compreendi o que era amar, na aceitação das diversidades e multiplicidades de expressões. E que eu jamais as tome como estranhas a mim porque em algum lugar dentro, eu as escondi.

🦋E que seja eu mesma a presenciar com meus próprios sentidos aonde quer que eu vá, toda experiência, honrando essa ancestralidade em mim que me preenche com sua força em coragem. E que se eu precisar de sentidos alheios para me guiar, que a vida em sua sabedoria me lembre do pulsar do meu coração e nisto, eu reconheça o que me é único e então, por ele, me guie no voo e também na queda.

🦋E em cada broto desse campo por onde trafego, sejam eles, a inflorescência da sabedoria da vida me lembrando que é de renovação ou renascimento que a mesma se faz eterna. E que eu compreenda que nesse jardim, ecoa o canto que em mim é manifesto, em ações silentes quando é do mistério que estão por vir as respostas, mas que eu também saiba que o mesmo será claro e preciso quando for das margens, o clamor. Pois, os limites é a toda parte ou divisão e ao ilimitado versa-se, mesmo em incompreensão, essa dança de opostos tão coerentemente incoerente.

🦋E que um dia mais do que responder o que sou, eu possa viver sem precisar de respostas, mas preenchida e consciente do que não precisa de nome, mas é.

🌹Kátia de Souza - 14/08/2021___✍