Reza sem metafísica

Novamente escrevo e rezo em versos estando,

Estando farto de sentir apenas o superficial,

Superficial finito e intenso como breve brando.

Enxergando no superficial apenas um grau.

Em cortinas, apenas janelas,

Em florestas, apenas árvores,

Em flores, apenas as pétalas,

Em águas, apenas os mares

Talvez, deva-se à ausência de metafísica,

Como Alberto Caeiro, nela pouco me importo.

E por pouco importar-me com tal mística,

Pensamentos atracam, como navio no porto.

Em som, apenas o ruído,

Em céu, apenas as nuvens,

Em leões, apenas rugido,

Em ferrovias, apenas trens.

Se Ele há, peço-O que mude esse meu olhar,

Meu falar, meu sentir e até o meu ouvir,

Para que um dia não morra sem ir para o lar,

Ou ao menos sem crer no que de lá ouvi.