“Pai, não perdoe àqueles 'que sabem' o que fazem”

Deus, tu és a tônica que me falta, a dominante do meu acorde. A primeira fase de um poema, a primeira estrofe de uma vida e a rima rica do meu ser, que faz-se com tudo uniforme. É a síntese das sínteses, o sublime dos sublimes, a mansidão, a serenidade e a ternura dos vitupérios. A confrontação sem angústia, o acerto no seu tempo e o perdão dos intrépidos (ante o sagrado). Deus Pai, Deus meu, perdoa-me para que eu possa perdoar. Oh altíssimo pai, que a tua graça e o teu amor possam um dia vim a se fazer nítido àqueles que blasfemam o teu nome e pregam a sua palavra com a trave no olho e com a mão no bolso a esconder os seus feitos. Deus, que a tua obra seja percebida, intuída, apreendida no nosso ser para que, assim, os ignóbeis profanos não distorçam o teu nome o relacionando ao indizível, o indefinido e o mistério. És, ó Deus Pai, a dialética, o desvelamento e o esvair de si para o ser. Autor da lei, és cosmos e és tudo, é em nós e somos em ti, isto é, em-tudo-ser somos. Santíssimo, três vezes santíssimo, altíssimo, três vezes altíssimo, amabilíssimo, quatro vezes amabilíssimo, és a expansão prolífica. Peço-te, torna-me profícuo com o princípio, o caos. Para que eu possa compreender-te ao tornar-me o mais próximo de ser-me ou ser a mim mesmo, como és em ti tudo. Sou neste ínfimo e íntimo instante, revela-me pela vontade em beatitude que o meu destino já está traçado, que as linhas nunca são tortas, pois a reta com inclinação infinita é apenas um caso particular, dado que todas as retas são curvas. Oh caros pategos e néscios, sois o que fazes e o que dizes apenas reflete o teu ser, estais, pois, a obnubilar o uno e o bem supremo em ti. O mistério está em ti, conhecer-te é uma necessidade; o teu imperativo é trilhar a sua trajetória, o teu caminho. O sagrado e o divino está em ti, toma posse de quem tu és, torna-te o teu eu superior. Percorre o teu trajeto fechado. Ah Deus Pai, agradeço-te pela ternura que me concedeste e te peço que os perdoem, pois não veem as peças se movimentando em torno do teu propósito em mim, que a amargura de seus arrependimentos não os tome, pois do contrário será insuportável.

Theo De Vries
Enviado por Theo De Vries em 02/10/2023
Reeditado em 02/10/2023
Código do texto: T7899285
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