Em quatro anos...

Em quatro anos não quero mais olhar nos seus olhos a não ser que também olhe nos meus...

Em quatro anos...

Onde, como, fazendo o que?

E parar pra pensar jamais.

As dúvidas correm junto ao sangue pelas veias e chegam a doer falanges por tanto tremer de medo. Os sonhos são os corretos e os caminhos estão certos até que o rumo mude e a esperança se espalhe pelo chão junto à água de nossos olhos.

E se me perguntassem se eu ainda estaria igual depois de passado quatro anos eu pensaria tanto que talvez o cansaço me tomaria e eu então desistiria de responder.

Os vínculos são fortes, as risadas são constantes, as forças são muitas e os conselhos são bons. A cadeira ainda está confortável e a geladeira permanece estável. Ainda não há pra onde ir, mas por enquanto existe pra onde voltar, e isso basta.

E depois de quatro anos restará solidão em papéis amassados de um abril mal acabado do passado quase esquecido.

E em quatro anos aqueles que não forem fortes o bastante passarão junto com os que foram. E tudo passará. E isso é que mata e enrijece os nervos. Tira a paciência e apaga o sonho. Isso que desespera mesmo que não se perceba e que acaba por entorpecer em noites e noites e no final o que resta é uma completa sensação de vazio.

Cada célula envelhecida. Cada segundo perdido. Cada palavra não dita. Cada ajuda negada. E assim mesmo, cada sonho realizado, cada declaração efetuada, cada confissão realizada, cada socorro prestado. Em quatro anos tudo será ontem e antes de ontem e ano passado.

Talvez as flores colhidas estejam fracas, mas permanentes no vaso esperando água para reviver. Talvez algumas pessoas estejam da mesma forma, apenas esperando uma ligação.

Talvez a pergunta que pairava no ar e deixou aquela sensação estranha esteja ainda pairando no ar e não haverá sequer esperança de resposta, simplesmente porque quatro anos se passaram.

Amizades serão tão mais fortes que não necessitarão de companhia para existir. Cada um estará ocupado demais com os negócios e com a rotina que a essência de dizer olá e perguntar como foi o dia estará por inteira confinada em um grande baú de lembranças.

Esse falar não é pessimismo, mas um completo realismo analisando a veracidade dos fatos. E não digo que não há dor nisso tudo, pois simplesmente penso que se isso acontecer não quero estar aqui em quatro anos.

Será que tomei a decisão certa?

E onde ela me levará?

Se em quatro anos você não precisar ler isso e chorar concordando comigo, simplesmente terei que elevar minhas mãos aos céus e agradecer à Deus por ter sido tão generoso.

Mas se concordar, continuo a elevar as mãos aos céus, pois pelo menos tive bons momentos de quatro anos anteriores e sorri na esperança de ser quase eterno.

Onde isso vai dar... Eu não sei.

Mas um dia, perguntarão pra você se ainda existirá o mesmo brilho no olhar no futuro e você vai pensar tanto que vai se sentir exausto, ou apenas vai responder que não por acreditar que foi objetivo o suficiente.

A reação de quem ouve? Não sabemos.

Não sabemos até que quatro anos depois ela lhe olhe e diga que errou, e que é tarde demais para consertar o estrago que fez ou mesmo que ela não lhe olhe, e você tenha notícias do sucesso dela, e vai olhar fotos antigas e soltar aquele riso contido.

Valeu a pena, como valeu!

E quatro anos foram suficientes parar mudar tudo...

Ou para tão somente, não mudar nada e ser tudo como está.

O que será? Ainda é cedo.

Pensemos e questionemos.

E nos vemos do outro lado...

Pois é assim que deve ser...

Em quatro anos respondo.

Em quatro anos, se ainda escrever...