DA FELICIDADE À PAZ

É impossível ver a praia em meio ao mar revolto, mas se pode ver as balizas que conduzem ao porto seguro. Quem não consegue ser feliz hoje, neste instante, não será noutro dia. Não se pode lançar a satisfação para o futuro, como o jogador lança a bola e não pára de correr atrás dela. Não se deve empenhar o coração em realizações muito altas, que requerem muito tempo para serem alcançadas, pois pode ser que ao longo do caminho elas sejam perdidas de vista e nos sintamos fracassados. Melhor é estabelecer metas pequenas, que podem ser realizadas num dia, numa semana, num mês, e teremos vitórias diárias, que resultarão em satisfações diárias – felicidade diária. Emendando essas vitórias umas às outras, como o general que de pequenas batalhas vence a guerra, pode-se construir a vitória maior, realizar o grande projeto da vida, no qual se terá uma satisfação estupenda. Todavia, se não se chegar a essa grande satisfação, ter-se-á vivido uma vida cheia de satisfações, menores às vezes, mas maiores também. Por outro lado, quando se empenha tudo em uma realização imensa, caso fracasse, o sentimento de derrota será igualmente imenso. Tendo metas diárias, se pode chegar a realizar o grande projeto, como a mansão, que é erigida de tijolinho em tijolinho, porém, algum fracasso intermediário será pequeno, não fazendo que se sinta derrotado e desanime. Também não será penoso o empenho para corrigi-lo.

Não devemos olhar muito para o vizinho bem-sucedido, exceto quando ele precisar de nossa ajuda, do contrário, poderemos nos sentir tristes por não ter alcançado o que ele já conquistou. Então lançaremos nossa satisfação para o futuro, quando, imaginamos, teremos alcançado aquilo. Melhor é olhar mais para aqueles que ainda não chegaram onde estamos, pois veremos o quanto já conquistamos e seremos agradecidos e felizes no mesmo instante. Por outro lado, se nos apiedarmos dos menos afortunados, pode ser que queiramos ajudá-los. Poderemos beneficiá-los com pequenas ou grandes ajudas, não importa, mas quanto mais e maiores forem, melhor nos sentiremos, pois veremos quanto podemos. Outrora pensávamos que não podíamos sequer resolver nossos problemas.

Por outro lado, ao mesmo tempo em que se ajuda alguém, se conquista um amigo, ou vários, salvando uma vida, ou muitas, livrando um membro da sociedade de cair em desgraça e tornar-se um motivo de insegurança, ou muitos motivos. Teremos tranqüilidade, que se chama paz, não só com nossa consciência, mas já não teremos tanto medo do perigo, já não teremos tantas guerras, tantos assaltos e violência, já não nos estressaremos tanto, já não fumaremos e beberemos tanto, já não usaremos tantas drogas e remédios, já não teremos tantos acidentes de trânsito, já não tantos infartos nem derrames, nem tantas tromboses nem gastrite, nem tanto câncer, nem tanta morte, menos choro e tristeza. Ao contrário, teremos paz por seremos mais felizes e seremos mais felizes por termos paz.

Wilson do Amaral

Bê Hauff Witerman
Enviado por Bê Hauff Witerman em 09/06/2008
Código do texto: T1026027