Eu tenho certeza de que Ele existe. Não porque professe essa ou aquela religião, porque as religiões nada têm a ver com Deus, mas com os homens - que as criam, que estabelecem dogmas,  e que terminam por mais afastar o homem de Deus do que aproximá-lo Dele.

Deus jamais precisou que os homens acreditassem Nele: em verdade, para Deus, isso realmente não importa, é totalmente indiferente. Vejam bem: a ciência calcula em 13 bilhões e 700 milhões de anos a idade do Universo, e em 4 bilhões de anos, a do planeta Terra. O homem existiria há cerca de 2 milhões de anos. Se assim é, Deus viveu sem que acreditássemos Nele (até porque não existíamos), por cerca de 11 bilhões e 700 milhões de anos. Será que Ele realmente precisa que acreditemos Nele? Ou somos nós que precisamos crer?

Os homens é que têm necessidade de crer em alguma coisa, qualquer coisa - seja Deus, ou deuses, ou riquezas, ou armas...

O homem já acreditou (e ainda acredita) em vários deuses. Várias e várias civilizações creram em uma infinidade de deuses - como os egípcios, os gregos, os romanos, os hindus... Mas nem as civilizações politeístas, nem as atéias mantiveram o poder em suas mãos; nenhuma se salvou de desastres, naturais ou não. Muitas foram completamente dizimadas, sem que delas restasse qualquer vestígio.

Muitos homens acreditam que se existe “um deus”: “é ele próprio”. São os que também acreditam ser o “centro do Universo”...

Também, durante os séculos, muitos homens têm crido num outro “único deus”: o seu próprio órgão genital. Mas a crença não ganha credibilidade  porque esse é um outro “deus” falível, que adoece e que não tem poder de cura sobre si mesmo.

Outros têm como deus as riquezas. Porém, essas também não demonstram poder salvador nos momentos cruciais: quantos já não foram barbaramente assassinados exatamente por causa de suas riquezas, para que todas pudessem dele ser usurpadas?

Ultimamente, há os que têm no poder bélico o seu deus. Mas esse, da mesma forma, está se revelando pouco vigoroso para manter seus detentores no poder...
Não é incomum vermos crentes (e não me refiro especificamente aos protestantes) enfrentando sérias dificuldades financeiras, físicas, familiares etc. Também não é incomum vermos ateus bem posicionados socialmente. Então, dizer que crê em Deus não é estratégia infalível para se ter vida boa.

Não é um fato fora do comum sermos enganados, desonrados por um religioso; também não é raro sermos tratados com respeito e honestidade por um ateu.

Há ateus com senso humanitário muito maior, muito mais refinado e acentuado do que os religiosos.  Ou seja, professar uma religião, afirmar que crê em Deus não é garantia de bom caráter, assim como não se filiar a qualquer seita ou religião igualmente não é. As pessoas não se tornam santas por declarar publicamente crer em Deus, por freqüentarem templos, nem demônios por afirmarem que não acreditam num Ser Supremo e não irem a templo algum.

Deus realmente está em toda parte - inclusive em nós. Mas, se as “águas” que compõem o homem fossem límpidas, ou seja, se o homem vivesse de acordo com princípios morais e éticos, o reflexo que veríamos de Deus no homem seria majestoso. Como as “águas” são turvas, por ser o homem um ser confuso, desordenado, transtornado, o reflexo que se pode vislumbrar de Deus nele é o de um demônio. Deus jamais foi ou será como os homens o retratam: vingativo, ciumento, perseguidor, destruidor etc. Os homens O julgam por si mesmos, e O retratam conforme a inferioridade de seus sentimentos.

Proclamar aos quatro ventos que acredita em Deus não é o mais importante; aliás, nem é importante. Importante mesmo é que se viva respeitando a vida - a sua própria e a dos outros e reconhecer os direitos básicos que todos somos credores - direitos à liberdade, à uma vida digna etc.




Nós somos os únicos seres que estamos pondo em risco de extinção de toda forma de vida no planeta (inclusive a nossa). O Universo continuará existindo; o próprio planeta Terra continuará existindo - seguramente  por mais alguns bilhões de anos. A continuidade de nossa espécie é que a grande dúvida...

Realmente, um Ser que não teve princípio ou que, no mínimo, existe há mais de 13 bilhões de anos pode se importar com o que o homem pensa ou deixa de pensar? Sendo que o homem é um ser que em 2 bilhões de existência, só há 6.000 anos é civilizado... E durante esses anos de “civilização”, não fez outra coisa senão desenvolver formas de se autodestruir e extinguir outras espécies que lhe garantiriam uma melhor sobrevivência sobre a Terra? Se o homem conseguir se auto-exterminar realmente não fará falta alguma. Para todas as espécies que sobreviverem será, isto sim, um grande alívio. E todas renderão - graças a Deus!