A vergonha de alguém
Esta prosa é sobre alguém, que não sabe quem é, não sabe o que quer. Inseguro, omisso, um vazo vazio quebradiço. Um ser inerte a própria sorte, solto na vida como poeira. Um ser que se esconde em si mesmo, demonstrando a mais tola timidez, que se afunda em seus próprios versos sem fundamentos e rimas desritmadas. E que chora quando perde, pois jamais tentou vencer, e que sempre se perde em si mesmo.
Mirrado, grotesco, covarde, possui a vergonha estampada na face, mas ao mesmo tempo não possui nada. Agarra-se como criança esfomeada a mais doentia esperança, sempre diz palavras não significativas, sua boca estranha seus próprios pensamentos.
Pois que viva em si sua própria ignorância, que viva em si em sua intolerância, que viva em si suas pobres lembranças, que viva em si sua letargia e anulação perante a vida, mas que ao menos viva.