Navio à deriva

Os raios fulgurantes do sol

Já começam a iluminar todo o navio

Que parte para uma ditosa viagem.

E no caos dos preparativos

Uma impecável harmonia

Domina os corações.

Estás sobre as águas cintilantes do mar

E para a aurora da viagem

Uma grande nuvem escura

Se debruça sobre ti.

E o navio perdendo seu curso

Apenas ouve no silêncio

O brado agitado do mar.

Ele o chama para o fundo das águas frias.

Quer absorver-te!

Estás desvalido, sem esperanças

Mas uma força impávida

Estimula a tua evasão do mar.

Novamente o sol cálido

Se reflete nas águas tranqüilas

E histérico, te salva.

Foi muito insólito o que te aconteceste

Mas estás de volta de onde partiste

E mesmo assim a saudade acumula

Daquele que por décadas te acolheu...

Escrito em 14 de novembro de 1992.