OS DOIS CAMINHOS DA LIBERDADE

Estive ponderando sobre o pensamento de um filósofo sobre o fabricante humano, cujos produtos executam a função específica a eles determinada, e o Fabricante do ser humano, que se desvia do propósito original, agindo por seus impulsos dessa forma exploradora, violenta e marginal. Pensava sobre os políticos, que ganham salários exorbitantes e ainda sentem necessidade de desviar recursos; também sobre os empregadores ricos, que têm tanto lucro, acumulam tantos bens e seguem remunerando mal; sobre os bandidos cruéis, uns revoltados e vítimas da indiferença da sociedade e outros simplesmente querendo pôr acima dos demais; também pensava sobre a corrupção inerente nas pessoas comuns.

Ao pensar sobre o paradoxo entre esses dois fabricantes, observei que o Fabricante do ser humano foi posto como imperfeito, visto que sua obra (o ser humano) foi posta como a desviar-se do propósito. Ao mesmo tempo, o fabricante humano foi posto como assertivo, visto que, em contraposição, suas fabricações foram postas como a cumprir seu propósito.

Ora! Se o ser humeno é obra imperfeita do Fabricante do ser humano, como podem as fabricações humanas serem perfeitas? Como pode uma fabricação imperfeita produzir fabricações perfeitas?

Convém observar que as fabricações humanas não possuem liberdade, tampouco capacidade para escolher cumprir ou não o propósito a elas determinado. Por isto não se desviam do propósito a elas determinado. Todavia, à obra do Fabricante do ser humano foi dada liberdade e capacidade para escolher, porém, a maioria dos seres humanos escolhe não escolher, permitindo a si ser prisioneiros dos próprios instintos e impulsos, agindo somente sob o comando desses instintos e não da razão.

Wilson do Amaral