Olha na cara, verme!
Eu sinto um gosto amargo quando eu penso em pensar
É uma dor de saber o que passou e virá
É um sentimento de culpa por tentar ver o que há
Enquanto ao meu redor as sombras cobrem o mar
Eu tenho visão distorcida no meio da escuridão
Eu vejo obras suicidas de gente que quer salvação
Eu sinto um pesar incomum quando olho alguém mais disposto
Sabendo que tanta energia só serve ao inútil despojo
Eu vejo olhos tristes por todos os lugares que vou
Eu vejo os dentes abertos tentando enganar o furor
Eu sinto ironia em cartas, poesias ou versos
Gente tentando esconder a imundice de afetos
E calma me falta agora ao falar com tanta franquenza
Eu não me recuso a pensar, eu quero ter a certeza
A não consigo refrear minha lingua do verbo doloso
Se não tiver precisão, no mínimo fico com nojo
Saibam todos que são enganados e saibam que muitos souberam
Um dia ficar calado não vai resolver o protesto
Haverá uma revolução quer mexam, quer fiquem parados
O certo arrastando a todos, inclusive os incapacitados