Preconceito

Chegou certa época de minha juventude que tive que me matar.

Este corpo que ainda carrego é o mesmo daquela época; não causei sua degradação.

Mas a causa da morte, que já foi completamente mental, foi a chegada à reflexão de que tudo o que há pode ser mera ilusão.

Isso foi no auge dos meus 13 anos.

Morri de querer cegar as pessoas e perguntar-lhes o que viam depois.

Torturei-me de tentar fazer-me entender e tirar dos outros todas as certezas do mundo.

Fiz-me morrer.

Tornei-me morta-viva.

Mas renasci.

Estou viva de novo, pois encontrei certezas que me satisfizeram.

Aqueles que me apresentaram a estas certezas tornaram-se ícones.

Estes ícones perderam um pouco do brilho pra mim desde então; tornaram-se humanos.

Eu gostei de ter certezas.

Não tenho certeza delas, mas são minhas únicas certezas.

Pensando bem... Tenho certeza delas sim.

Isso é no mínimo confortável.

Vivo mais tranquila... Sem medo de ser alienada.

A parte isso, não julgo. Nunca. Jamais. Em hipótese alguma.

Seria burrice.

Mas julgo às vezes para ter ao mnos algumas certezas e um pouco de segurança na vida.

Quem sou eu para ter algum preconceito?

Já cehga o que as pessoas têm sobre os filósofos.