Ode à minha solidão
"Nas horas mais solitárias, é a solidão quem te acompanha: a amizade se isenta de compromissos mais perenes."
(Debora)
Desabafo
Minha companhia na janta de hoje foi uma mosca. Sim. Aquelas "mosquinhas-de-cemitério". Se bem que foi uma companhia um tanto quanto oportunista, dado o simples fato de ela estar tentando uma degustação do feijão requentado que, a mim nessa noite, servia de consolo.
Eu comi demais essa noite. Talvez por descobrir que os mamíferos não são tão bons. Talvez por aperceber-me deprimida (ou o correto seria depressiva?). Talvez porque sim. Talvez porque não. Podia ser só fome, mesmo.
Mas ando bem desiludida de tudo. Tristonha. Mais estúpida que o habitual e, por assim dizer, calada - o que é dom raro em mim.
Algumas vezes, com ironia, afirmei que o meu humor se mede pelo meu dormir e pelo meu escrever. Se não dormi - stress ou euforia... talvez algumas minhocas se contorcendo em minha cabeça -, se dormi demais - cansaço, preguiça, ou tristeza ao extremo -, se não escrevi - tudo vai, como dizem os "normais", muito bem, obrigada! - e se escrevi - sim, vou de mal a pior, seja na minha revolta, seja na minha dor.
E para piorar estou dormindo E escrevendo de forma quase compulsiva... sinal que algumas dores precisam ser expurgadas de qualquer maneira, a qualquer custo.
E a janta acompanhada pela mosca foi o menos pior de tudo o que vivi no dia de hoje.