Luto

Os personagens morreram e se enterraram por si mesmos. Uns se cremaram. Outros apenas se encostaram no pé da árvore favorita.

Nao havia quem carregasse caixão, todos morreram simultaneamente.

Quem é deus suficiente agora? Quem vai criar outras criaturas ou acalmar o pranto daquele que chora de fora a ida eterna?

A cidade virou fictícia, esperando pelos sujeitos que nunca vêm.

Ninguém sobrou para contar a história que nao tinha acabado. Na verdade nao passava nem do segundo capítulo. Morreram sem se entender. Muitos nem se perguntavam o por que não se entendiam, nem nas coisas mais pequenas da vida. Não entendiam o por que não entendiam a si mesmos, mas não se questionavam, também. Nao sabiam de onde vinham nem por que vinham. Só estavam ali por estar, preenchendo espaço agora vazio. Os personagens morreram e o meu predileto é o que apodrece embaixo do chorão.

Laís Mussarra
Enviado por Laís Mussarra em 20/09/2008
Reeditado em 20/09/2008
Código do texto: T1187241