Derradeira carta de amor!

Foram dias..

Que se transformaram em meses.

Foram meses...

Que se pareceram anos,

Toda uma vida...

Todas as vida!...

Agora, com o tempo parado, sinto a gravidade da sua ausência,

presente em cada centímetro deste quarto,

Em cada célula do meu ser...

Seu silêncio gritante ecoando pela minha mente...

Sussurrando promessas de amor!...

O pior é que, eu não sei se dói porque eu te amei,

ou porque eu pensei que te possuia...Que besta!...

O aperto no peito, é pela certeza do esmorecimento

desse sentimento anti-heroi,

Por todas as coisas sentidas e omitidas e subjulgadas...

Não utilizadas, enrustidas no canto mais latente e minado do peito...

Tão grande promessa de amor?!

Tão falsa promessa de amor?!

Amor?!

Amor pra valer?!

Tantas verdades que não falamos e não ouvimos...

Amor?!

Ah não!... Carinho, sonho, companheirismo, amizade, fascínio, devaneio, apego, comodidade...

E quiçá e com certeza...

Carência!...

Contudo, porém, amor!!!

Pois eu te amo mulher! exatamente onde eu nunca te amei...

E estarei sempre te querendo e te precisando

como eu nunca te quis e sempre te precisarei?!...

Como esse grande paradoxo que a vida é,

Com todos os seus braços, olhos e desígnios...

O quanto foi real e o quanto foi fantasia?!

Não sei, não sei, não sei!...

-Só sei que fez falta...

-Só sei que ficou um espaço enorme e vazio...

-Só sei que o seu sorriso de quase gueixa morena e dourada

deusa despudorada de encantamento devastador...

Que antes embalava o meu sono, como uma mãe ao filho...

Agora vem perturbar-me na noite, como um moleque ao maluco na rua!...

-Só sei que minhas mãos se definham sem o deleitoso contato com a sua pele de ouro marron...

E que os sonhos mais belos que eu ainda tenho contigo...

Se transformaram de forma tão fútil, tão pífia, em pesadelos...

O maior mal, foi que você entrou em minha vida em uma dimensão

onde nenhuma outra jamais poderá chegar,

Era um espaço nunca pisado por nenhum ser,

Então, você entrou, decretou posse,

O arou e até semeou...

Construiu habitações, castelos, todo um reino...

Se declarou rainha!...

Dos meus mais pulcros sentimentos os fez seus súditos

E do meu ego o seu bobo da corte!...

Depois partiu...Deixando-nos aturdidos...

(Os sentimentos sem sentir e o bobo sem graça)

E o reino que construistes em mim, ficou abandonado, desolado e sem governo...

E por teres tomado posse pela própria vontade,

Ele será para sempre teu, não poderás vendê-lo, nem alugá-lo

Nem ao menos emprestá-lo...

(-E o que acaba com tudo é que o mato cresce rápido nos terrenos baldios...-)

Então, agora me chame de saudade...

Saudade das vezes em que não te chamei de meu bem, meu amor,

Minha querida...Minha!...

Das vezes que não te abracei com toda a força do que eu estava sentindo...

Que eu ão te gritei com toda a energia que você defluiu em meu coração...

Que eu não briguei com o mundo, para te preservar ao meu lado!...

Ou então me chame de inveja...

A inveja do travesseiro que te compartilha os sonhos...

Do cobertor que se aninha gostoso, junto ao teu corpo cheirando a óleos aromáticos...

Das mãos que te acariciam sem poder te massagear até o extase... ou até dormir!...

Da boca que te beija, sem a mágica do “quase” não saber beijar...

Ou então, também, me chame de medo...

Medo de um dia te esquecer e me esquecer também...

Medo de achar um caminho que não leve a você, e me perder...

Medo de viver para sempre cego, por não saber para onde olhas, o que te chama a atenção...

E finalmente me chame de moribundo...

Pois eu sou só um sentimento, que sem te sentir,

Esmorece aos poucos e amiúde,

Sussurrando o seu nome!...

(Deniks lowa)

deniks lowa
Enviado por deniks lowa em 22/09/2008
Reeditado em 04/05/2009
Código do texto: T1190622