Gosto do Sobreviver
 
         A sobrevivência adquirida durante essa longa existência em que minhas veias petrificaram ao dissabor da poeira cósmica que me invadiu os pulmões duplamente contaminados contrasta com o gosto doce da ferrugem que me invade a boca ao me recordar que o instinto animal que uma vez nessa vida possui.
         Nessa dissonância em que o ar que te pertenceu hoje me submerge a esse mar de incertezas protuberantes, me deságua no sal do puro sentido adornado pela psicodélica existente na cabeça dos homens de pano do mundo dos semivivo.
         Viver nunca foi tão fácil, mediante ao chão flutuante que resolvo exasperar diariamente pelo beijo roubado ao corvo que nunca me fora prometido. Jamais ousei sentir novamente o gosto da ferrugem, que tanto me agradou, apenas promovi um escambo de sentimentalidades em degustar paulatinamente o sangue de tua carne fúnebre e exposta aos olhares dos anjos de coração bom.
         O tridente que agora me salteia aos olhos expõe minha áspera pele ao fogo que molha a essência turva daqueles que não me compreendem. Bebam o meu sangue e saboreiem a poeira cósmica que me invadi os pulmões. Cantem canções sem ritmo algum. Julguem os bons e amem os inimigos. Corram no parque com o dragão de 7 cabeças e façam amor com o Cavaleiro negro do Apocalipse. Condene-me por ser ímpia e anjo, por simplesmente ser mais do que sua consciência acharia que eu fosse.
Apenas pense e reflita, se o seu gosto de sobreviver ainda é valido a esse mar de fogo encharcante que é o surrealismo da vida que resolveu viver.
Samara Lopes
Enviado por Samara Lopes em 07/10/2008
Código do texto: T1216259
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.