LEMBRANÇAS...
A vida traçando marcas na face,
profundas, anunciando um tempo distante...
Um pedaço já naufragado,
o outro, apenas, angustiante...
Uma reviravolta pendente,
um somatório vibrante...
Conceito incandescente
de uma passagem montante...
Comigo, ainda, vive a pantera,
chorosa da dor que sofreu...
Morto o corpo, vive a alma,
nada mudou, nem venceu...
Uma história repetida,
em cada dia que passa:
me encobre tão só de fumaça
de um sonho que viveu...
Sou dois em um numa sorte
que a vida não vai desmanchar...
Nem temporal, nem nevasca,
nem dança ou ritual,
encobre a verdade daquele
que teve a carne rasgada
pela força do punhal...
Deixe a lembrança comigo:
é só minha e da pantera...
A noite mostrou a orgia,
a tarde virou esfera,
a noite só covardia,
o sangue numa tigela...
Bebi dessa amarga bebida,
pensei que de novo veria
o sol raiar de manhã,
iluminando minha poesia...
No entanto, fiquei sem voz,
sem ardor, vivacidade,
quando buscando o amor,
encontrei a insanidade.
Lembrei, então, da criança
que um dia acreditou:
eu sei que um dia viveu,
sabendo que acabaria
procurando uma bengala,
para amparar sua poesia!
Em 11/10/2008