Gosto

A distinção dos momentos é uma encruzilhada no caminho percorrido e alimentado com os sonhos, mas em tudo podemos tirar o gosto que faz os rumores das investidas sedimentarem as questões e as invasões nos pensamentos constantes. Bato forte no meu peito esquerdo e tento sentir alguma coisa que não seja a falta, que não sejam as lágrimas que percorreram minha alma e chagaram até os lugares mais sensíveis do corpo humano.

O gosto não passava com tamanha força na minha idéia, porém, depois de sentir na pele a descongestionada sensação de perda, posso entender como é apurar o gosto no paladar sem deixar passar nenhuma sensação em nenhum momento que seja. É assim que passamos a enxergar o precioso e necessário sentimento da presença, no entanto, depois da falta ter se firmado no dia-a-dia e na orquestra do coração podemos irrigar com mais afinco as lacunas abertas da emoção profunda.

O desaparecimento da intenção, o surgimento da paixão, o encadeamento do amor em prol desses extremos me faz respirar com dificuldade e examinando as minhas chances nessa vida de desencontros e palpitações. Felizmente tenho uma memória boa, no que diz respeito a razões que me levaram a vivenciar os mais deliciosos momentos de cumplicidade e de carinho nas esquinas dos tempos, nos becos dos acontecimentos e na entrelinha da madrugada.

O desgosto sempre tenta me cativar a desaguar no desespero total, mas tenho que ser forte e firme com esse sentimento destrutivo, por sua vez, se cair com afinco no buraco dos detalhes sórdidos morrerei sem saber o que realmente aconteceu com esta matéria nova pela estrutura que se conserva, sobretudo, desgastado com tantas arrecadações dos movimentos contrários a inovações dos corações que destrincharam um momento diferente e sem saber dizer não ao episódio a única forma de conceituar o que houve foi adotando o tempo como fonte de facilitação no tocante dos olhares e no sentido do salivar tão abundantemente em determinados momentos, com a única certeza, o gosto é a prova das degustações do amor.