Qual é mesmo a questão?

Meu mundo não é meu, e nem existe, foi criado pela expectativa de ser o que não foi objetivado conscientemente por mim. Sou produto industrializado feito por um sistema bastardo sem procedência alguma, quantas mentiras, verdades, receitas e ordens ainda tenho que engolir para realizar quem sou. Não, o ser por outros, não foi concebido para se realizar, mas para buscar eternamente a ponta de seu rabo, rodopiar em torno de regras que não levam a nada, nem sucesso, nem amor, nem satisfação, apenas o estimulo de ter o dever cumprido, as contas pagas, os filhos criados, uma vida decente, família formada, sem roubo ou mentiras, católicos, protestantes, o que for, o nome limpo e uma velhice saudável sem escalas em direção a morte, em resumo, o ser vive pela morte e não pela vida, pelo aprender, morremos intelectualmente o dia em que nascemos, aprendemos a copiar e repetir, nunca a criar, sabemos o que se sabe, e quanto aos segredos, serão sempre segredos, não aprendemos a desistir, pois nada lutamos, acredito que o homem em geral foi destinado a eterna desistência de si mesmo, abdicar seus valores que poderiam ou não serem marcos na humanidade para ser parte do subsolo que sustenta poderes inúteis que não mais pensam em outra coisa de como ainda sustentarem e ostentarem tal poder e domínio. Pobre do homem. Pobre de mim, que pensa e trago comigo a dor de saber que por pensar não sou parte do resto. Penso que penso e já sei a verdade, desaprendi todas as outras verdades e quebrei o muro que então me aprisionava aos conceitos gerados pela sociedade, posicionando meus pensamentos em pró de verdade alguma, nem mais desvendar tantas mentiras ou chegar a um ponto qualquer, não mais quis me realizar, e ainda sim, vazio. O que reza o poder, o querer, a conquista e o sentimento. Embaraço minha mente e não vejo resposta além de apenas sentir e libertar toda voz e pensamento puro, livre do lixo externo adquirido pela criação, religião, política e razão. A liberdade completa está em não mais saber o que se sabe, mas em criar um novo saber, não basta entender, compreender e ainda sim sentir a dor, mas nos cabe deixar de lado tanta especulação em torno de assuntos já demasiadamente discutidos e sem eixo que confira a qualquer homem deixar de ser o quê é para ser quem realmente é. O conhecimento traz o saber, mas não reconheço tal linha como verdade, não sei o que foi escrito, discutido, e reconheço que aprimoraria meu dialogo se mais buscasse tais saberes, mas onde estou, vivo pela vida, despido de convenções e sem muito embasamento passado e conhecido, vejo com meus olhos um mundo diferente da maioria, pessoas sem futuro próprio, a vontade do homem escassa, o amor vendido e o sentimento aprisionado dentro de regras consensuais de não mais agredir o próximo, uma pacifica retaliação a existência do homem. Tantos se enganam com falsa felicidade que na sua realidade é completa e em minha, em estágio algum o homem alcança tal façanha, impossível é ser feliz sem poder criar, o homem que se dá por completo na mediocridade da falta de seu saber, é infeliz por não contribuir de forma concreta a existir algum, e o que sabe, o que se desvincula do padrão e vê de forma mais ampla, se torna infeliz por deslocar do todo e nada poder fazer para mudar esta realidade natural. Acredito que o homem é um ser capaz de desvincular de todos e tudo e ainda sim se intelectualizar sem antecedente algum que preceda ou explique sua realidade atual. Se faz necessário deixar de buscar o entendimento e desracionalizar todo saber, e seguir seus estímulos primários do saber, não mais aceitando regras e valores impostos, enxergando um outro ser, apenas como outro ser, e seu porquê a ele cabe, apenas, não a você ou a mim. Se interesse houver, participe de seu modo primário de enxergar o todo e conclua apenas o momento sem histórico que padronize algum comportamento. Julgo impossível esta forma de saber, observar tantos quantos forem necessários para enquadrar uma enfermidade mental ou social, tendemos a observar nossa busca, e relatamos a verdade de acordo com nossa verdade e em um mundo completo de seguidores e copiadores, é fácil dissipar uma mentira por muitos séculos. Minha forma de pensar é questionadora e vai contra qualquer raciocínio imposto ou convincente, não vejo como todos, e se assim me encontro, esvazio tudo e procuro alternativa para minhas conclusões, minha doença é do espírito, minha mente criativa e doente não se trata, muta e muta, sem conveniência que caiba ou razões que eu saiba explicar, e sim, eu a entendo, sem saber verbalizar, mas sei o que ao menos passa perto em me satisfazer ou a tentativa do sentir completo, e questiono então, como tal pensamento flutuante, dentro de um caráter flexível e uma razão descentralizada junto ao vinculo social perfeito que engajei, podem ser doutrinada ou avaliada por comportamentos os quais reconheço como ignorantemente fáceis de se copiar e induzir. Não vejo possibilidade de entendimento ou trato, apenas de convívio e aprendizagem inconsciente, dentro de meu tempo que consome a forma que vivo serei único e possivelmente desconhecido, como tantos outros, e a massa se dará por satisfeita novamente com seu saber por ela mesma. Em resumo, não creio no saber e nas fontes adquiridas por osmose em qualquer existência, o ensino básico, fundamental que nada confere ao homem, sua criação que apenas ensina o medo e a seguir e seguir sem saber o porquê ou o que segue. Trabalho, casamento, família, considero instituições formadas para alienar o homem em seu curto espaço de existência, não deixando espaço para evolução e revogação de todas as regras inclusas em seu sistema próprio de vida. Aprender é criar e experimentar o sucesso ou fracasso de cada identidade em sua circunstancia, sem preparo ou ambição, apenas viver pela vida, e não se preparar para a morte conforme manda a bula ou seja em qual posição religiosa ou política que houver, seguir os demais para o precipício de nada contribuir para o próprio evoluir. Posso então concluir que aprender não é o ponto, mas sim, sentir e sim, onde estamos, seguir o caminho oposto para então, se possível, uma nova vida criar.