Ao Leitor

Ao Leitor

Nem todas as decisões são inúteis, o próprio debater pode não ser uma idiotice, ninguém pode atingir a verdade sem antes haver uma discussão pela real razão. Nem todas as discussões são umas grandes perdas de tempo, porque provocam um clima no qual qualquer entendimento entre duas ou mais pessoas se torna algo a ser esperado, onde qualquer coisa dita é sempre bem ou mal interpretada. Uma mente que está disposta a vencer, a conquistar, consegue compreender o tudo. Isso é possível porque a compreensão necessita de uma mente tranqüila e não violenta. E quando você está lutando pela vitória, você tem, obrigatoriamente, que ser o pacificador.

Mas, nem sempre discutir é um ato de violência. Através dele você pode até sem pensar matar, mas nunca ressuscitar. E atos de violência você pode até aleijar, mas nunca curar. Através dele a verdade, pode ser assassinada, e ouviras mentiras para recuperá-la. O debate nem sempre é violento se houver entendimento. Nele, sua própria atitude é sempre analisada e saberá que na verdade você não está em busca da verdade, está em busca da vitória, seja por uma argumentação mais lógica, por uma erudição maior, ou ainda pela força física ou status. Quando a vitória é a meta, a verdade não pode ser sacrificada. Mas se a verdade é a meta, você pode sacrificar a vitória.

Sabendo apenas que a verdade pode ser a meta; a vitória poderá estar atrás. Quando a vitória é a meta você se torna um político. Fica agressivo, sempre tentando vencer o outro, sempre tentando dominar e tiranizar de todos os modos possíveis. A verdade não pode nunca se transformar em dominação, poderá sim destruir, para construir melhor.

A verdade pode ser uma vitória, pois a vitória significa derrotar alguém. A verdade trás humildade, paz interior. Mas cuidado, pois pode trazer uma viagem em prol de sua vaidade, de seu orgulho, do seu ego, como um ser fraco sente quando vence todas as brigas. A briga nunca pode conduzir ao real obstáculo; Mas o sempre caminhar para o ilusório, para o não verdadeiro, amanhã perderá, porque a própria sensação de vitória é estúpida! Verdade significa não mentir, ou nem “eu” nem “você”, na discussão, ou eu venço ou você vence; a verdade mesmo nunca é vencedora se o vencedor usar de mentiras.

Aqueles que estão realmente na busca da verdade e conhecimento evolutivo permitem que a verdade vença a ambos, enquanto que os competidores com mentiras esperam que a vitória pertença apenas a si mesmo, não aos outros. Entretanto na mentira, os outros não existem. Na “verdade” nós nos encontramos e nos tornamos “DEUSES”. Assim quem pode ser o vencedor? Quem pode ser o vencido? Na realidade ninguém é vencido ou vencedor se nas mãos não tem as verdades.

Você poderá entender o seu oponente se você está contra ele, se identificar o real. O entendimento é impossível. Mas necessita de simpatia, de participação, de calma, de serenidade. Entender significa ouvir o outro totalmente. Ao discutir, debater, argumentar, tome cuidado com o que ouve do outro, apenas não finja ouvir e, interiormente, fique preparando-se, procurando eliminar o sim do não. Sinta-se um bom jogador. Por dentro, você está se armando para a próxima jogada pronto para expor o seu real, quando o outro parar.

Na briga a verdade pode não ser significativa. Por isso a comunhão fica difícil de acontecer; você poderá argumentar, e quanto mais o fizer, poderá mais se afastar do outro em suas verdades. Ai verá que quanto mais discutir, maior será a separação, até tornar-se um enorme abismo.

Se analisar que a verdade significa simpatia; a verdade significa não argumentar. Compreenderá que veio para ouvir, para buscar a verdade, não para discutir. Veio para entender, não para vencer. Você não veio para ganhar, pelo contrário está pronto para entender onde precisa vencer.

Compreendendo a lógica, pela argumentação, pelo conhecimento, as pessoas tornam-se alheias uma as outras, não soa mais estranhos em seu eu. Pois como você pode achar a verdade se não consegue compreender as verdades de seu oponente, se não é capaz de nem mesmo ouvi-lo, se a sua mente por dentro, em uma auto-analise, continua brigando, discutindo dentro de si? Você poderá ser violento e essa agressão não o ajudará. Compreende então que todas as brigas nem sempre são fúteis, e chegara a algo que nem espera.

Quando você está pronto a vencer com a verdade, seu adversário não é derrotado, pois a verdade venceu, e os dois lados sairão satisfeitos. O vitorioso com sua vitória se faz entender que ambos participaram. Está não é uma vitória sua, a verdade venceu e, ambos podem celebrar. Mas quando você derrota uma pessoa, ela se sente vencida. Permanece inimiga. No íntimo, fica esperando pelo momento certo de reivindicar seus direitos, de correr atrás do prejuízo e derrotar você.

Assim, a menos que você se unifique com a vida, nunca poderá conhecer a verdade. Pois analisando o SI a unificação com a vida só acontece dentro de você. Não existe nenhuma maneira de conhecê-la do lado de fora. Você pode andar o mundo todo, fazer viagens mirabolantes, rodar de um lado para o outro na face da terra, mas nunca descobrirá a verdade. Pos a verdade está guardada dentro de você e não fora.

Se aceitar que a vida não é um problema. Poderá resolvê-la e a compreenderá. A porta da verdade está aberta, nunca esteve e saberá que nuca esteve fechada. Pois a verdade fica no dizer dos mistérios que nos lembra: Se a porta estivesse fechada, poderíamos dizer hoje que os cientistas de hoje e os sábios do passado, encontrariam uma maneira de fabricar a chave.

A vida não é um enigma para ser resolvido, é um mistério para ser vivido, ontem, hoje aqui e agora. As brigas podem ser de alguma ajuda, com os outros e consigo próprio.

Quando você procura briga, você a encontra. Mesmo que ninguém o insulte, mesmo que ninguém queira brigar você a encontra. Então não as procure se não quiser vencer ou perder, caso contrário as encontrará em todos os lugares que for. Exemplo: De repente alguém ri não de você, quem afinal é você? Por que você pensa que tudo é com você? Você apenas está passando e, então alguém ri; logo você pensa que estão rindo de você. Você pensa, eu? Quem você pensa que é? Você é o ilustre quem? Se alguém ri, está rindo de você? Alguém fala mal, está xingando você? Alguém está com raiva, está com raiva de você? Ora! Tenha paciência, se tudo é você, será você tão importante assim.

Toda essa paranóia está dentro de você. Você verá que o brigão, violento, prepotente e arrogante é você. Você não pode criar a arrogância, se ela não estiver dentro. Você não pode botar para fora a prepotência se ela não estiver dentro. Quando se vira um copo o que está dentro cai. Quando alguém ri você pensa que é de você. Você é o problema não aquele que ri. Você é que está carregando a raiva, ele é a penas o pretexto, se não for ele será outro, qualquer outro. Ninguém lhe faz nada, você é que se faz. É a sua história interna, o conteúdo do seu copo, que sai. É o transbordar do que você está cheio.

Se uma semente cai no solo, germina, e uma árvore começa a crescer. A terra, o ar, a água o fogo estão dando a oportunidade. Mas a árvore já estava escondida na semente. Se você carrega a árvore inteira dentro de você e, entenda que os outros apenas lhe dão a oportunidade de germinar. Agora se sua árvore esta toda retorcidas, feias, cheias de espinhos venenosos, ou se é uma linda flor que a todos encanta e conquista, depende do que tem dentro de você.

O pensar lhe faz entender que quando algo acontecer, não olhe para fora, não ache que a culpa é dos outros, olhe para dentro, porque seja lá o que esteja acontecendo, tem a ver com você, somente com você, ninguém tem nada com isso. Não se esqueça que a rudeza e a ignorância sempre perdem, tanto que os dentes caem, mas a língua fica.

”Na história da teimosia;

É tão forte a ignorância, tão cruel, tão mortal;

Que a própria sabedoria de tudo sabendo;

Não pode saber de quanto o ignorante pode ser capaz;”

O ditado nos lembra: “Quando o arqueiro erra o alvo, não procura o defeito na flecha, no arco, no vento ou no alvo, procura o defeito em si próprio”.

Do Livro - O Príncipe das Trevas

O autor... José Meireles

Jose Meireles
Enviado por Jose Meireles em 29/10/2008
Reeditado em 25/05/2009
Código do texto: T1254397
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