Do picadinho ao picadeiro

* Um oportunista sempre acerta. Enquanto a luta acontece ninguém sabe para quem torce. Quando há um vencedor já definido, ele o aplaude e o apoia. Então divulga o seu ato como se tivesse sido importante e decisivo. O pior é que há quem acredita.

* Há pessoas que não sabem nada de muita coisa. Mas pronunciam-se com a pose dos sabe-tudo. Se arvoram a dar conselhos baseados no senso comum que são de uma mediocridade impar. Escolhem sempre os assuntos do dia-a-dia da maioria dos seus ouvintes para seus bombásticos pronunciamentos. Essas pessoas não mudam a história.

* Eu sou assim: não ponho a minha mão no fogo por nenhum dos meus parceiros. E se algum deles cai em desgraça, ele não era tão parceiro assim.

* O meu barco não é pequeno e não é grande a experiência da minha tripulação. Não tenho a tradição dos grandes navegadores e não passei por Sagres. Por isso, quando a maré sobe, os ventos uivam e o mar encapela, me mostro corajoso e continuo a navegar. Sou tão vaidoso que não vejo que os muitos outros barcos já procuraram os seus portos-seguros quando o Mar é Tenebroso.

* Quando afirmo uma coisa e ao longo do tempo percebo que a coisa não é assim, vou afirmando outras coisas com pequenas variações, e com isso os meus erros serão sempre pequenos. Aquela primeira afirmação foi se diluindo no tempo e acho que poucos percebem que ela estava errada fragorosamente. Assim passo por sábio.

* O meu rei parece democrático. Só não percebe quando a voz da maioria é usurpação do direito das minorias. O homem justo pondera sobre cada situação e não permite que a quantitade se sobreponha à qualidade.

* Há reis que são escravos das quantidades e sem elas são um vazio de dar pena. Calígula para não ser chamado de assassino entregava à turba ignorante o direito ao veredito dos polegares voltados para baixo. O direito à vida passou a ser um jogo. A Justiça e o Direito não podem dissociar-se da Ética.