SILÊNCIO NA MATA ESCURA

Certa vez estive às voltas com uma situação sem solução, como algumas, que, às vezes, nos vemos na vida. Estando em uma cidade pouco conhecida, entrei num mato altas horas da noite querendo fazer o único caminho que conhecia (pois tinha passado por ali certa vez) para ir à casa de um amigo, onde poderia passar a noite. Todavia, sem cachorro e sem lanterna, não conseguia penetrar mais do que dez ou vinte metros na escuridão absoluta, sendo que quanto mais tentava, mais duvidoso o caminho se tornava. Tateando galhos e raspando em troncos, me preocupava quando cairia num buraco, tropeçaria em uma galhada, seria atacado por um animal ou me embrenharia num espinheiro. Após três tentativas, me convenci que jamais alcançaria o outro lado. Então voltei e na direção oposta podia ver entre as galhadas uma pequena luz, a qual segui me guiando de volta.

Não há nada de errado, tampouco é feio, fazer uma retomada estratégica. Ao contrário, é elegante. Muitos dos grandes generais fizeram e os grandes empreendedores também fazem.

Sempre que nos vermos em mato sem cachorro, ou sem lanterna, como muitas vezes no vemos, devemos recuar ao ponto inicial valendo-nos da luz que havia lá, para recomeçar seguindo outro caminho, porém, desta vez sem pôr nossos impulsos acima da razão, esperando o tempo ideal para cada aquisição e trabalhando para alcançar esse tempo.

Se não podemos ter algo, não deves tentar tê-lo a qualquer custo, pois poderemos perder o que já possuímos, além daquele algo que adquirimos forçadamente.

Portanto, o momento de fazer dívidas para pagar dívidas nos diz que o mais sensato é desfazer-se de tudo o que é excesso, deixando para trás toda carga para reconquistar a paz e a serenidade, meios com os quais se partirá para a retomada.

Em 1998 eu tinha medo do céu à noite porque tinha dívidas no cartão Visa, no cheque especial e em vários cartões de lojas. Estava pagando um financiamento de uma moto e meu carro me dera muitos gastos, os quais eu fiz por não querer ficar sem automóvel. Logo surgiu a oportunidade mágica para saldar todas as dívidas. Estive inclusive num banco cujo anúncio no jornal dizia “dinheiro no mesmo dia e por telefone”. Se fosse mesmo assim, eu teria tomado o empréstimo, mas, porque me fizeram ira até o escritório no mesmo dia, me fazendo voltar no dia seguinte, quando disseram que faltava mais um documento, vendi o carro e paguei várias coisas. Depois resgatei um título de capitalização perdendo uma parte, mas paguei muitas outras dívidas. Mandei a financeira que me assediava ao “beleléu” e fui andar de ônibus, sendo até hoje feliz, ganhando muitos descontos quando compro o que quero à vista.