Ninguém percebe a realidade como ela se apresenta. Enxergamos o que queremos e por isso sofremos tanto. Idealizamos pessoas e situações em circunstâncias diversas e normalmente nos decepcionamos, porque pensamos que o outro precisa corresponder a nossas expectativas. Ledo engano... Cada um, único e absoluto, só é capaz de vivenciar o seu momento. Mesmo quando, compartilhamos com o outro nossos sonhos, esses podem não corresponder e, normalmente, não correspondem ao sonho do outro.
          Cada um é o que precisa no momento em que vive. Dócil, agressivo, indiferente, amoroso, companheiro... Uma soma de sentimentos variáveis que não pertencem a mais ninguém a não ser a si mesmo
          Quando amamos, queremos que o outro nos ame. Quando alguma dor nos visita, exigimos que sinta, compartilhe. Mas, na verdade, nos esquecemos que esse é o nosso momento.Ninguém pode perceber ou mesmo sentir, o seu amor e a sua dor.
          Como se, idealizando a partilha, a compreensão e o ombro, estivéssemos minimizando o que nos incomoda, recebendo pelo que sentimos. A maturidade e as experiências nos ensinam que, na verdade, os momentos de maiores e mais rudes turbulências, requerem solidão. Um silêncio que momentaneamente nos incomoda, mas que se soubermos ouvi-lo e viajarmos para dentro de nós mesmos, sem muitas expectativas externas, encontraremos a saída, mesmo que  parcial ou possível.
          Criar expectativas em relação a outro é um caminho para a decepção. Como se já esperássemos por ela. Quando não se espera muito do outro, conseguimos transformar as nossas vidas em um processo contínuo de auto-conhecimento e partilhar alegria e otimismo. Um despertar da luz interior que existe e sempre existirá, mesmo que oculta temporariamente. 
 
 
Wanderlúcia Welerson Sott
Enviado por Wanderlúcia Welerson Sott em 16/12/2008
Reeditado em 16/12/2008
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