Superando encrencas profissionais

Relato de um cursista* que freqüentou um dos meus treinamentos: “Iniciei minha vida profissional na filial mineira de uma empresa cuja matriz ficava numa cidade paulista. Uma de nossas atribuições, encarregados de setor, era a de apresentar conhecidos ‘relatórios mensais’.

Novato por ali, eu apresentava um defeito e uma qualidade. A qualidade era que eu acreditava que podíamos fazer coisas interessantes que nos fariam ir do sofrido conceito ‘C’ para o celebrado posto de filial nível ‘A’. O defeito, muito encontradiço em ‘marinheiros de primeira viagem’, como eu me via naquela situação, era que eu não conhecia bem jogos comportamentais e de poder praticados pelos meus colegas de profissão.

As reuniões aconteciam, eu sempre apresentava projetos voltados para o fortalecimento da produção, mas eu me via malogrado porque minhas sugestões não eram levadas adiante por quem deveria fazê-lo.

Eu já me encontrava no sexto mês de trabalho quando a reunião mensal se transformou em ‘fair play’, em um ‘jogo limpo’ entre mim e minha chefe.

Ela abriu a conversa, perguntando:

– Sabe que seus colegas falam que você é ‘isso, aquilo...’?

Espantado, respondi:

– Não, não sei. Mas, para o seu governo, garanto que sou ‘isso-e-aquilo’.

– Então as coisas não são como eles dizem?, indagou, olhando-me nos olhos.

– Não sei, respondi. Avalie por você mesma. E acrescentei:

– Para contribuir para este seu trabalho, sugiro que pense no seguinte:

1. Sempre apresentei relatórios acompanhados de projetos voltados para o crescimento da empresa e das pessoas que nela trabalham; e o faço em respeito ao cidadão de quem vem nossos salários e lucros;

2. Nunca me sentei à frente de alguém aqui da Central para falar seja lá o que for de quem quer que seja, mas para abordar estratégias plausíveis visando ao incremento da produtividade e do crescimento de todos;

3. Suspeito que a tentativa de desqualificar esses movimentos que faço é porque meus críticos percebem o seguinte: se alguém realiza projetos interessantes, fica provado que é possível produzir e crescer. Ora... isso questionaria o comodismo no qual muito profissional se vê confortavelmente instalado. Como ninguém ‘chuta cachorro morto’, é bom ficar esperta...;

4. Ademais, se deseja saber quem é ‘X’, pergunte a ‘X’ quem é ele. Se continuar dando ouvidos a ‘Y’, só colherá a mera opinião;

5. Por fim, como ‘A boca fala do que está cheio o coração’, avalie melhor o que você me disse no início desta conversa.

Daquele dia em diante pude trabalhar em paz, ao menos perante minha chefe.

Outro dia, conversando sobre esse assunto com um colega que também vivenciou a história relatada acima, ouvi dele o seguinte alerta: 'Caro, por ser essa realidade tão presente ainda hoje, melhor é ativar a estratégia de trabalhar enquanto os outros tentam ‘melar’ nossos projetos. O trabalho honesto e o senso profissional que respeita as pessoas ainda é o melhor caminho a seguir'.”

Meu comentário: Por essas e outras é que não é bom nos deixamos levar por certas encrencas profissionais, as quais podem ser vencidas com trabalho e profissionalismo.

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* Esse cursista autorizou a publicação deste relato.