Piração

A vida é engraçada. Nossos gostos também são. Piração.

Você olha para alguém que já amou e não entende como e porque o amou. Você olha, olha de novo, pensa, pensa duas vezes e ainda sim não entende como você um dia se apaixonou. Você se pergunta o que te chamou a atenção. Se foi real, se foi eqúivoco, se foi acidente. E você se acha idiota, porque não reconhece o que amou e nem porque amou. Imagina como pôde ter amado algo que não te desperta o mínimo interesse agora, ou que parece fora do que você escolhe (ou escolheria, se pudesse) hoje em dia. Piração?

Então você arrisca um diálogo analisador, daqueles que você tenta descobrir se sobrou algo para te dizer: ah, agora sim, é por isso que um dia o amei. O problema é quando você não encontra nada, aí se acha ridícula. Até pensa que não é a mesma pessoa, só alguém parecido. Piração?

Aí você procura, procura, procura, e depois de muito procurar (porque mulher procura mesmo...), se vê com a oportunidade de curar o ego,já que com toda essa insistência é bem provável que você já tenha sido feia, de repente gorda ou dentuça, de repente sardenta e magrela, talvez com cabelo pixaim ou abajur. Eu digo provável porque se não tivesse sido não estaria caçando tanto defeito em alguém que você uma vez achou perfeito. É porque no mínimo foi rejeitada ou ferida. Mas se não achou nada e ficou igual boba pensando onde foi que você viu q não vê agora é porque é bem provável que esteja curada, feliz e amada. Piração?

Piração.

Angélica Nicolosi
Enviado por Angélica Nicolosi em 14/04/2006
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