Mãe é a que cria

Em meados do mês de janeiro de 2009, fui convidado a passar na casa de uma irmã. Alguém muito querida, mas pelo decorrer dos acontecimentos nos faltou vivência para ter um laço bem aguçado e sentimentos aprofundados, porém, agora pode ser a hora de encurtar essa lacuna que ficou para trás e desaguar no recinto familiar para que nossas vidas se encaixem num só sentimento.

Vou tentar contar essa história cujo esse autor faz parte de toda a trajetória de uma pequena criança do passado que não estava conseguindo espaço na família de sangue, sobretudo, uma alma diferente, ou melhor, uma mulher com dádiva de conceber na criação a luz que seu ventre não clareou e assim vai seguir esse punhado de escritos até chegar o momento que minha inspiração e minha lembrança não mais conseguir arrancar a verdade desse fato.

A iniciação desse fato se deu através de uma vontade sem precedentes que duas pessoas tiveram sem pensar nas conseqüências, mesmo assim seguiram em frente e tiveram um ato proibido pelas leis de Deus e dos homens, cometeram adultério e o fruto desse episódio gerou uma vida, uma pequena semente que logo mais estava com muita vontade de crescer e virar pessoa excelente. Mas, outra criatura pequenina já havia nascido e foi o foco inicial de esse desenrolar acontecer, foi na humilde residência de Dona Maria, na época uma jovem senhora mãe de um pequeno com idade de dois anos e outro que a pouco tinha nascido, a alma boa que antes tinha mencionado fincou os olhos no garotinho mais jovem e o pediu a mãe, de uma forma carinhosa e aconchegante, por sua vez, a jovem senhora com muito amor pelos filhos disse não ter coragem de doar suas sementes.

Eis que chega um homem sábio, uma pessoa que teve a vida toda em busca de soluções para os acontecimentos que aparecem no dia-a-dia, sendo ele pai de Dona Maria e sabendo do erro do homem marido dessa jovem mãe de dois filhos, relatou saber de uma criança que logo mais haveria de ser da alma boa que tem por nome Iraci. Foi à solução mais decente diante do tamanho da lacuna que sobrara no coração da alma boa, por não ter criado uma gotinha de felicidade que nasce, cresce e gera outras vidas concedendo a ela ser avó.

Sabendo do acontecido ela disse ao homem sábio, pai de Dona Maria que qualquer criança que viria ela o aceitaria com muita felicidade e sem problema a temer. Chega à época do nascimento, a alma boa estava na ultima comemoração de sua progenitora, sua mãe querida, foi num dia e veio no outro, no lugar de sua moradia a chegar soube do fato que há tempos estava por espiar e não perdeu tempo foi de encontro a sua criança que acabara de chegar.

A cede do município foi o primeiro lugar que ela, juntamente com seu Marido Zeca, fora procurar, mas a criança já havia ido para a casa dos avôs de sangue com a mãe que tinha por nome Bibi, esse casal estava com muita vontade de dar um futuro diferente a essa minúscula criatura enjeitada por algumas pessoas, sabendo todos que a criança não tem culpa, culpa tem quem corre atrás dos desejos e não pensa no todo que pode surgir.

Logo mais tarde chega a casa da família que iria doar a protagonista desta história, encosta a charrete no terreiro, saiu o casal de bom coração e vão de encontro ao seu destino, lágrimas a cair jorram no olhar da jovem mãe que não pensou, a outra mãe de criação se comove e diz não levar a força alguém que não quer ser doado, contudo, não tinha mais volta ou a criança ia embora ou saia de casa a mãe e a pequena criança, sobe protesto da mãe foi cedida à tutela da menina.

Os pais adotivos voltaram à própria casa que transformou a nova realidade em um universo diferente que traria felicidades jamais imaginadas pela alma boa, mulher que tinha a necessidade de ser mãe, mesmo que mãe de criação, mesmo sabendo dos perigos que a adoção provoca no futuro de tantas mentes processadas numa só direção. Assim se deu o trajeto, assim cresceu a inocente, cresceu para ser gente de estudo, gente de saber alargado, por ventura, o destino não queria isso, quem queria esse caminho era a alma boa.

Depois de muito tempo, mais precisamente dez anos depois, o marido da alma boa necessitando de uma pessoa de confiança para tomar conta da fazenda logo mais, aceitou um jovem corajoso, pequeno no tamanho, mas grande na virtude de buscar a vitória através dos pequenos feitos e grandes honrarias que o dono da fazendo, Marido da alma boa, tinha projetado para o rapaz, na época com idade de quinze anos, cinco anos mais velho que a jovem menina que agora é a hora de saber o nome, Josefa, mais conhecida por Doninha e o rapaz chama-se Jaime.

A fazenda de poucos povoados, poucos rapazes, poucas pessoas ao redor, e assim, tudo aconteceria como estava escrito na história. Doninha apaixonou-se por Jaime e de inicio teve a reprovação da alma boa, mãe da moça, mulher de saber, muito queria que sua filha encontrasse no destino o gosto da graduação, o gosto do avantajado conhecimento teórico alargado pelas universidades que o mundo tinha, mas não era esse o seu legado, não era esse o seu perfil, não era a sua plataforma de necessidade, muito pelo contrário, a moça papeou com seu coração e nesse papo percebeu que o casamento era a solução de seus sentimentos recém encontrados e palestrados aos pais.

Mesmo com a recusa da mãe, sentimento da anfitriã pelo futuro diferente que queria dar a filha, existia o mestre da família, o bom homem, marido da alma boa sabendo da intenção do rapaz e do amor da moça, fez questão que esse laço fosse firmado imediatamente e o que parecia difícil, foi mais fácil que o esperado. O casamento aconteceu, o primeiro filho dosou a aumentar o amor da alma boa pelo casal, sabendo que naquela hora era avó, era naquele momento, mãe duas vezes infiltrada na pele da satisfação mais complexa que o ser humano pode encontrar.

Vou pedir licença ao leitor para retroceder a história e falar algumas coisas que minha memória acabou de lembrar. Trata-se de aspectos muito relevante para o entender desse relato verdadeiro e comovente, vou ser sucinto e direto nesse pedaço de lembrança, vou esboçar a realidade que fez a verdade e o sentimento se confrontarem. No inicio desse emaranhado de palavras pude falar do ato que gerou a jovem moça, falei do erro que aconteceu, porém esse erro deu a chance de ser mãe uma mulher excelente, enfim, anos depois, a menina ainda criança, o homem que a que gerou apareceu querendo ser protagonista da situação, querendo exercer uma patente que não era sua, querendo ser o que não era e querendo mais do que tinha direito. Ufa! Ufa! Ufa!

Poderia ele humildemente chegar e conhecer o fruto do seu ato errado, a criança, repito, não tem culpa de nada é apenas uma inocente desse fato, poderia não passar por este momento, mas passou e não quis saber daquele homem que na sua arrogância de antes e de agora não dava-lhes direito algum por aquela menina apaziguada pela educação do casal feliz e tocados pela virtude de adotar. O homem saiu com o rabo entre as pernas e nunca mais voltou, sendo assim, seu pagamento pelo falar mais do que devia numa hora que só ouvir era sua necessidade.

Isso passou e fintou agora na minha lembrança outra lacuna que estava a faltar, a alma boa nunca tinha separado totalmente a filha adotiva da mãe de sangue e também nunca enganou a pequena menina sobre sua origem, uma origem desconhecida pelo simples entender que a mãe nunca tivera mencionado o nome do pai da criança, mas os fatos falaram por si só, uma mulher havia se feito e no retrocesso da história agora continuada posso falar sobre os outros meninos que ela teve, um total de quatro, sendo uma delas a pequena menina com pele bem clarinha dando a certeza da origem do pai.

Falo agora do Jaime, um rapaz corajoso, um rapaz com muitas qualidades, qualidades estas enxergada pelo senhor Zeca, dono da fazenda e logo mais sogro do rapaz, avô das crianças que trouxera alegria àquele lugar, àquele pedaço de mundo que faltava choro de criança, que faltava grito de mãe a educar criança pequena e o firmamento havia se feito pela própria natureza.

Hoje o casal são maestros do lugar, a jovem Doninha, por nome Josefa, a matriarca com apenas 30 anos e com os pés no leito dos 31 anos fazendo valer a educação que concebera e a virtude de mãe verdadeira, filha estruturada e mulher ponderada. O jovem Jaime falta palavras para mencionar a sua grandeza, falta incremento para colaborar com a magnitude de sua coragem, enfrentou o tempo e o tempo agora dá sua consagração, homem de coragem e de muita visão, homem de sangue na veia e de bom coração, pai de muito amor e de muita emoção, marido de muito agrado e de muita afeição, palavras necessárias para esse momento.

Esse foi um pequeno resumo da minha imaginação frente à verdade que ficava escondida apenas no pensamento das poucas pessoas envolvidas nesse prolongado afago de muitas vidas. Peço licença agora a dona desse aglomerado de letras para dizer sobre meus sentimentos, sobre minha intenção enquanto irmão de sangue e contador desse ceiar no patamar da lembrança.

Sou um escritor recém encontrado, não por alguém, mas por mim mesmo, uma pessoa que descobriu na veia a vontade de escrever e que de tudo posso falar algo e de algo posso falar tudo, simples nos traços que escorregam entre meus dedos, simples na virtude que me carrega a contar fatos, simples na forma tímida de dizer quem sou eu. Agora é hora de falar um pouco sobre os irmãos da jovem Doninha e dizer a minha felicidade de encontrado-a como uma irmã que pensávamos não ter, logo mais sabendo da aparição ficamos contentes com tamanha sensação de ser irmão não só de homens, mas também de uma pessoa maravilhosa e mulher.

Sou o segundo irmão da família de três, sou o chamado irmão do meio, aquele que nasceu por segundo lugar, tenho um mais velho, apelidado por gordo uma pessoa que carrega sua luz aonde vai, grande é seu coração, também feliz por saber da irmã que mudou nosso pensar. Um mais novo existe, este tem mais altura, tem menos idade e menos experiência, mas igualmente feliz pela certeza de ser irmão da jovem Doninha.

A felicidade pode ser encontrada agora ou amanhã, pode ser encontrada muito tempo depois e revivida do passado, sonhada depois de esboçada na pela da sensibilidade, pessoas que vão ler esse relato vão pensar e reviver esta história como sua, nadar no passado como se estivesse dando braçadas num rio veloz com suas águas deslizadas nos leitos da vegetação. Mas também podem pensar na profundeza do sentimento que nos trouxe até aqui, até este tempo presente que amanhã será passada, mesmo lembrado será outro tempo, outro momento, porém nossas vidas estão traçadas e nosso destino tem um novo trafego, tem uma nova direção, amigos da vida e irmãos por pura emoção.

Nada tenho a mudar nessas palavras respingadas do meu saber, nem seria capaz de dilacerar o meu sentimento depois de ancorar nesse dilema da vida que, depois de muito velejar, o mar nos levou a mais bela das sensações, família é vida e essa sutileza eu pude sentir de forma diferente, no entanto, pude comparar a vontade que me deu de voltar a encontrar a pessoa que me deu um aperto de irmã, um aperto que até minha alma arrepiou, uma necessidade que até então tava pequena, entretanto agora é imensa e não satisfeita.

Não satisfeita pelo convite que está sobreaberto, que está esperando meu corpo voltar, minha família também irá, filha e mulher, sabendo eu da alegria dos sobrinhos por criança pequena, minha filha será amada como prima dessa juventude que me deu gosto, esse gosto que me emocionou, bato no peito e abro o berro para saberem que estou vivo e que estou feliz em colocar para fora o amor significante, marcante e emocionante entre irmãos que não cresceram juntos, por diversos motivos e que agora serão instrumentos de sangue a serviço da vida.

Vida, te agradeço, te compreendo por me deixar longe desse amor de irmão, a distância não tava em metros ou quilômetros e sim no sentimento, agora firme como um vento posso dizer que sou completo, posso entender que foi um presente do céu, posso saber que essa sensação é única e verdadeira, que todos possam saber dessa luz que meus olhos enxergam e que minha vida acelera a serviço da nova geração que se firmaram na presença do abraço apertado e verdadeiro de minha irmã, que tenho muito apreço e amor.

ZUKER
Enviado por ZUKER em 18/01/2009
Reeditado em 20/01/2009
Código do texto: T1391362
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