SÉRIE ALMAS PEQUENAS Nº 11 - O PESSIMISMO
Aqui está descrita a desventura com quem o impossível se casou;
E o grave prejuízo que sem afeto engravidou a incompetência;
A fraca consciência cujos próprios recursos nunca encontrou;
O êxito que se auto-abdicou por infantilidade ou falta de paciência!
O seu fracasso habita sob as barbas do temerário presumível;
Não recomenda o próprio nível, não se enamora por si mesmo;
Idealiza o seu ensejo pra que somente em sonho seja ele crível;
Tudo que edifica lhe é falível, porque se julga o filho do desprezo!
Seus pés estão capazes, mas se recusam a cruzar a ponte;
Sua sede é apta para a fonte e sua fome quer o pão já desistido;
É potencial sem luz e reprimido, é lágrima regadora da fronte;
Porque desiste do horizonte, do qual recua sem nunca ter ido!
Um sol carente é o olhar de um pessimista;
Existe terra à vista, porém deriva em mar covarde e bravio;
Todo ser humano é força e brio, toda esperança é realista;
Mas numa alma fatalista, até o auge do verão é feito de frio!
“Enquanto o venturoso sobe os montes da história, o pessimista vem atrás, carregando suas malas” (Reinaldo Ribeiro)