SÉRIE ALMAS PEQUENAS Nº 13 - A INSENSIBILIDADE

Tá cheio de auto-estima e se achando vai pisando no pescoço sem ter dó;

Diante do espelho se sente um pão-de-ló, maltrata e até debocha;

Julga seu domínio uma rocha, esmaga quem lhe ama como um pó;

Noutra garganta injeta um nó, é um perante a face e outro pela costa!

Está ciente do amor que lhe contempla, faz pouco caso do revés num amanhã;

Sua frieza é tão vilã que chega a ponto de escarnecer do pranto alheio;

Espanca a alma de seu esteio, seguro que seu fel terá salário de avelã;

De consciência sã reduz a relação à informalidade dum passeio!

A ilusão é miopia presente no olhar dessa figura;

Semeia amargura no interior de quem mais lhe dá valor;

Mente sem pudor, é moeda que oculta sua câmara escura;

E enquanto a beleza lhe perdura, faz pouco caso de um vindouro dissabor!

Então sua vítima, moída por cansaço, subitamente lhe abandona;

Assim lhe vem à tona aquela aguda dor mortal que semeou;

Do alguém que ontem chorou sua maldade não é mais dona;

Sua miragem não mais lhe engana - a cobrança finalmente chegou!

“Quem faz sofrer um grande amor, agenda para a próxima esquina o seu encontro com a dor!” (Reinaldo Ribeiro)

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 30/01/2009
Reeditado em 30/01/2009
Código do texto: T1412648
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