Psicodelia

Subindo pelas espirais

Navego no aroma da melodia

Enquanto relaxo e me perco

Nos reflexos contidos de minha sombra vazia

As árvores me comprimentam

E mesmo os seres invisíveis

Comunicam-se entre si com dialetos de notas musicais

Nuvens vem à mim e perguntam se tenho fogo...

Empresto-lhes minha flauta mágica e elas me seguem

Enquanto atravesso-as e me perco entre imagens embaçadas

Que surgem à minha frente, ao meu lado e dentro de mim...

Deço os corredores e me vejo em um jardim

Há luzes como frutas nas árvores

E uma estátua de cristal

Bem no meio do pátio central

E um vulto esgueira-se por detrás dela

Diviso apenas uma silhueta feminina

Que insiste em ocultar sua face...

Ela me seduz

E me conduz

Através dos mistérios desse lugar:

Valhalla é seu nome, pelo menos é o que dizem...

Nosso barco parte através das brumas ondulantes do Aqueronte

Enquanto olho nos olhos de minha misteriosa companheira

E tudo o que consigo ver... sou eu

E mais um eu

E outro

E outro

Todos eles

Olhando pra mim

Pedindo uma resposta...

Então ela segura minhas mãos

E me puxa para fora do barco, correnteza a baixo...

Não posso pedir permissão,

E nem tenho o direito de ressucitar

A morte reclama a palavra

A vida chora por si mesma

Venha se divertir com agente

Mas venha hoje, babe, venha hoje,

Por que a noite trás horrores que são só seus

Venha passear comigo e minha amiga Deusa, e desfrute

Do seu passado

Da sua miséria

De minha companhia

E de nossa sina

Deite-se e escute os vermes cochichando

Tramando seu próximo assassinato,

Dançando sobre os óssos do exagero

Devorando o que ainda resta da justiça

Vamos confraternizar nossos pecados com as borboletas

E depois ouví-las gritar de êxtase com agente

O Velho de vestes brancas

Faces brandas

Está chamando

E mexendo lágrimas de flores no seu caldeirão...

Mas antes do deleite final

Eu quero que você escute o nosso delicado bater de asas

O gentil toque das plumas contra a brisa deste dia nublado

Venha hoje, babe, Venha hoje...

Venha em suas vestes de algodão

E conheça a verdade de dentro pra fora

Desfaça-a, retalhe-a, esmiuce-a... até satisfazer-se,

E depois salve-a

Salve-a

Salve-me

Salve-nos

De nossos pecados

De nossos passados

De nossas misérias

De nossas idéias

De nossos erros e acertos

Salve-nos de nós mesmos...

E acima de tudo:

Salve-nos de nossos desejos...