Meu primeiro Dia.

Era inicio de Fevereiro. Tinha recém me mudado para a grande capital.

Meus olhos ainda brilhavam pelo sol escaldante e estava encharcado de lágrimas devido a poeira que vinha da movimentação intensa dos carros.

O zumbido no ouvido era constante e tudo isso não me incomodava. Em verdade, relembrara momentos vividos em outras terras onde também estava cercado por tanta agitação.

Eu entrei num recinto em que era esperado, olhei ao meu redor e vi prédios de tijolho a vista, escadas, elevadores, capela, muitas pessoas sorridentes e uniformizadas, era grande também a concentração de pessoas que se pareciam muito comigo, eles pareciam todos satisfeitos, empolagados.

Olhei de um lados às margens desse lugar e reparei a construção monstruosa toda em branco, era um hospital.

Subi um dos elevadores e quando cheguei ao terceiro andar eu desci.

Adentrei a sala 304. Ali tinham aproximadamente quarenta cadeiras, um ar condicionado de teto de última geração, um projetor de imagens ligado a um computador, além de umas mesas perto da lousa eletronica. De repente, pessoas foram entrando e tomando seus lugares, algumas olhavam para mim desconfiados, outros eram olhares timidos, mas a grande maioria era receptivo e recebi várias saudações de bom dia. Minhas mãos suavam frio, a palavra do dia era taquicardia.

Eis que quando percebo três pessoas entram na sala, trajando camisas, gravatas, ternos e com um jaleco branco, alinhadíssimo e de bom material.

Eles apagam as luzes, ligam o projetor e dizem bom dia.

Eu estava numa verdadeira escola médica, quizá pela primeira vez em minha vida.

Esplanaram sobre esse modulo e descreveram seus curriculos, que sem modéstia estava recheado de palavras em estrangeiro.

Contaram nos também, que na semana próxima iríamos iniciar nossos estudos e trabalhos no hospital D. Antonio Alvarenga, referência nacional em Oftalmologia, matéria que estaríamos estudando neste semestre.

Estes professores, eram também chefes de residência, preceptores, professores da USP e tinham um brilho no olhar quando falavam da Medicina que em alguns momentos, quase chorei.

Quando eram onze horas da manhã, marcando quinze minutos, eu saí desse prédio. E meio atordoado ainda, olhei para o céu. Bem no fundo de uma nuvem branca, pensei em Deus, essa energia magnífica que me proporcionou vinte e seis anos de caminhada para chegar até aqui. E como numa breve meditação agradeci papai do céu por tudo que estava acontecendo, pela oportunidade de me formar um médico e principalmente pelo carinho e amor de meus pais que tanto batalham para me proporcionar tudo isso.

Quando resumi tudo isso em minha tão ocupada mente vi que a medicina é como um sacerdócio.

;)

L Nissola
Enviado por L Nissola em 06/02/2009
Código do texto: T1425282
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