Reflexões a respeito da Senhorita Scabbia, da vida, da tristeza e da solidão
Eu não sei porque estou escrevendo isso.
Deve ser a tristeza exalada pela voz da senhorita Scabbia.
Essa tristeza que, ao mesmo tempo que deprime, torna tudo mais belo.
E que, ao tornar tudo mais belo, deixa a vida suportável.
Mas isso prejudica, ao saber que essa vida suportável, é a penas uma sucessão e repetição de fatos.
Então a válvula de escape passa a ser os sonhos.
Mas não dura muito, pois, mais cedo ou mais tarde, acaba-se sonhando coisas impossíveis, como a fuga dessa solidão.
Encontrar uma companhia não é tão difícil, mas encontrar a companhia ideal é a tarefa mais difícil da vida se um ser humano.
Tanto que, ao achar essa companhia, ele se amarra a ela “até que a morte os separe”.
Alguns porém, vão além disso.
Dizem que mesmo após a morte, irão permanecer juntos.
Ou então que, a partir do momento que se encontraram, deixaram de ser duas pessoas distintas e passaram a ser um só corpo e um só espírito.
Mas, de alguma maneira, eu não estou preocupado com isso.
Nem mesmo o sonho da última noite é capaz de fazer-me tirar a atenção da voz da senhorita Scabbia.
Eu acho que isso é algum tipo de hipnose.
Sei lá!
É melhor parar de pensar.
É melhor eu apenas curtir o momento.
O momento que, por mais que negue, eu não estou sozinho.
O mundo pode acabar.
Mas tem que ser agora.
Por quê morrer sozinho deve ser horrível.