Reflexões a respeito da Senhorita Scabbia, da vida, da tristeza e da solidão

Eu não sei porque estou escrevendo isso.

Deve ser a tristeza exalada pela voz da senhorita Scabbia.

Essa tristeza que, ao mesmo tempo que deprime, torna tudo mais belo.

E que, ao tornar tudo mais belo, deixa a vida suportável.

Mas isso prejudica, ao saber que essa vida suportável, é a penas uma sucessão e repetição de fatos.

Então a válvula de escape passa a ser os sonhos.

Mas não dura muito, pois, mais cedo ou mais tarde, acaba-se sonhando coisas impossíveis, como a fuga dessa solidão.

Encontrar uma companhia não é tão difícil, mas encontrar a companhia ideal é a tarefa mais difícil da vida se um ser humano.

Tanto que, ao achar essa companhia, ele se amarra a ela “até que a morte os separe”.

Alguns porém, vão além disso.

Dizem que mesmo após a morte, irão permanecer juntos.

Ou então que, a partir do momento que se encontraram, deixaram de ser duas pessoas distintas e passaram a ser um só corpo e um só espírito.

Mas, de alguma maneira, eu não estou preocupado com isso.

Nem mesmo o sonho da última noite é capaz de fazer-me tirar a atenção da voz da senhorita Scabbia.

Eu acho que isso é algum tipo de hipnose.

Sei lá!

É melhor parar de pensar.

É melhor eu apenas curtir o momento.

O momento que, por mais que negue, eu não estou sozinho.

O mundo pode acabar.

Mas tem que ser agora.

Por quê morrer sozinho deve ser horrível.

Júlio Nunes Sandes
Enviado por Júlio Nunes Sandes em 21/04/2006
Código do texto: T142761