As vezes...

Às vezes, me perco em mim, me perco de mim e estranhamente te encontro...

Às vezes, me fundo à vida de tal maneira, que um grão de areia facilmente me define e um mar torna-se pouco.

Às vezes, apenas as palavras existem, apenas uma mão livre a escrever destinos, na areia, perto do mar.. perto demais do mar...

Às vezes, minha alma faz-se livro, eu, palavra, apenas de palavra, totalmente de palavra, olhos de reticências, boca de colchetes, nariz de ponto e vírgula, mãos de alfabeto, não constituo-me de palavras, sou palavra então...

Às vezes preciso tocar-te em pensamento para que eu não desapareça lentamente como a lembrança tua. Preciso reconstruir teu sorriso e o rever o brilho do teu olhar para que o meu ser não esmoreça e tal qual o rosto teu em minha memória, suma....

Às vezes eu me perco nas chuvas de verão de minha alma e eis que sou palavra e mais palavras chovem em mim.. palavras desconexas e sem sentido, (como aquele eu te amo que sussurraste um dia em meu ouvido), até que a chuva trás você pra mim, e então tudo fica claro e tem luz, você é a luz, faz-se então o arco-íris poesia e torno-me criança que brinca na chuva, e torno-me poeta que brinca de poetar...

Às vezes fujo de mim só pra te encontrar.. às vezes fujo de ti só pra ver se me encontro... às vezes me defino grão de areia só pra me perder em teu mar...

Deise Caroline Nunes
Enviado por Deise Caroline Nunes em 12/02/2009
Reeditado em 24/06/2013
Código do texto: T1434565
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