Domingo.

Àqueles que, como eu, dispensam a solidão dos domingos:

"Penso,penso,penso... É só o que me resta. Penso, logo existo... Todavia, seria melhor não existir. De existências frustrantes meu espírito está farto. Penso no vazio, na solidão, no desejo de ser indesejado. Penso na indiferença, no desprezo. Penso nas trágicas vezes em que me fiz notado. Penso na angústia de ser sufocado pela platéia muda, calculista e incalculável. Penso nos domingos do sono, da chuva, do cinema noturno, do pranto seco, do amor escondido, da eterna saga de um corpo isolado, hermético, recheado de indefinições e de mágoas... Penso em tudo o que não deveria pensar. E existo por tudo o que não deveria existir. Queria existir sem pensar; queimar o invólucro das minhas idéias e jogar as cinzas ao mar; naufragar com meus pesadelos e boiar com meus sentidos. Queria apenas existir e me deixar levar. Mas a razão é pura e a vida ensina. Impossível não pensar. Os domingos remanescem." (Sérgio Santos)

Serginho Maresias
Enviado por Serginho Maresias em 23/04/2006
Reeditado em 30/11/2007
Código do texto: T143701