Comentando um texto sobre o ensino.

Olá, Ary Carlos.

Fico feliz quando encontro mestres que trazem em si a consciência explicitada nesse texto. Tais conceitos me parecem cada vez mais raros. Sou professor em Escolas de Engenharia e de Administração de Empresas tendo iniciado essa atividade no início dos anos setenta. Concordo com o conteúdo de sua análise e também com a metodologia para a análise crítica dos problemas.

A postura crítica diante da política de ensino e a não anuência quanto à utilização da Universidade como instrumento da ideologia e da demagogia no faz-de-conta das estatísticas, também são procedentes. A elevação intelectual/cultural produz inserção social e o objetivo da Escola é formar e desenvolver pessoas que dominem o conhecimento. Não se alcançando a eficiência no ensino, o nivel de escolaridade, por si só, não resulta em inserção/elevação social auto-sustentada.

A estagnação da pesquisa, os trabalhos vazios, irresponsabilidade diante da ciência e do conhecimento, e tudo ainda agravado pelos modismos pedagógicos (escola tradicional, operacional, técnica, orientada para a politecnia, etc) que deslocam a Escola dos seus rumos e a transformam em verdadeiro hiper/cyber/espaço - onde imperam os "phdeuses" - cada dia mais a deteriora e degrada.

Há Escolas e escolas, e muitas dessas nem deveriam ter autorização para existir, como demonstram os altíssimos níveis de reprovação nos exames das Ordens e dos Conselhos Profissionais. A opção pela quantidade em detrimento da qualidade, em se tratando do ensino, não está correta e as deformações no ensino acontecem do primeiro ao terceiro grau.

Vivemos em uma sociedade que utiliza recursos desenvolvidos pelos mais recentes conhecimentos, e no entanto em sala de aula, a escola retroage no tempo, às vezes em até trezentos ou quatrocentos anos, porque não foram plenamente absorvidos os conhecimentos que formam a base dos conhecimentos atuais. Deve-se cobrar do docente postura ética e profissional, para repensar e agir através de critérios de avaliação do conhecimento mais eficazes e menos complacentes. Também necessário lhe dar condições materiais de vida e de trabalho mais condizentes com sua responsabilidade.

O analfabetismo funcional já é ou será a escravidão dos tempos futuros.

Abraços.

Marco.

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