Dois mil caracteres
Todos querem escrever
Ninguém quer ler as poesias.
Muitas coisas são ditas
Poucas são ouvidas.
As arenas são montadas
Fracos são os cavaleiros.
Nas platéias, multidões
Esperando o seu espaço.
Se a voz que não uso
Fosse a da minha coragem.
Se a idéia que me foge
Na minha mente fosse clara.
Despertasse minha vida
E corresse
Como água no rio.
Seguindo sua direção
Seguindo livremente.
Nove homens organizaram um motim
Gritavam que as mães não podem vendar os seus filhos.
Trinta guardas se posicionaram em prontidão
Eles diziam: ninguém pode lutar contra nós, nem dizer que algo está errado.
E os nove homens com pedras nas mãos, idéias que seguiam o braço no movimento de impulsionar, sua vida e seu corpo no abandono do medo; os nove homens com roupas manchadas, o sangue do disparo.
E na manhã, no noticiário, meia página, uma foto preta e branca dos corpos no chão, dois mil caracteres.